O que vi nestas últimas três semanas da campanha eleitoral em Porto Alegre me fez lembrar um episódio do qual participei, anos atrás, quando representava um candidato ao governo do estado em reunião na qual se estabeleciam regras para certo debate entre os disputantes do pleito.
Em dado momento, a jornalista que representava o PT perguntou se as questões formuladas pela produção do programa iriam abordar os pontos fracos dos candidatos. Nessa ocasião, tomei a palavra para sustentar que meu candidato não participava desse tipo de preocupação porque não tinha rabo nem pontos fracos. Podiam lhe perguntar o que bem quisessem. Diante disso, a jornalista do PT comentou: \"Se não tiver a gente põe\".
Todos riram, mas eu sabia do que ela estava falando. O partido que a jornalista representava especializou-se em destruir reputações, em desqualificar seus adversários, em fazer da mentira argumento e em substituir fatos por versões. Quem se atravessa no caminho do PT está sujeito a enfrentar esse tipo de campanha. E foi o que presenciamos em Porto Alegre, mais uma vez. Dia após dia, durante três semanas, enquanto José Fogaça tratou dos assuntos de Porto Alegre e apresentou propostas para a cidade, Raul Pont e seu partido preocuparam-se e ocuparam-se em atacar a imagem de seu adversário, um homem de bem, sensato, cordial, respeitado pelos mais diferentes partidos (inclusive pelo PT) até o momento em que se interpôs entre essa organização e seu projeto de poder.
Assim, com base na opinião manifestada pelo vice Eliseu Santos, o PT tratou de pôr em dúvida a veracidade de Fogaça quando afirmava que manteria o OP. Mesmo que lhe fosse insistentemente sugerido por todos, Fogaça recusou-se a devolver a grosseria. Ele poderia afirmar, por exemplo, que descumprir compromissos de campanha era especialidade petista, a começar por Tarso Genro, que se comprometeu \"peremptoriamente\" a permanecer quatro anos na prefeitura e abandonou o posto quinze meses depois. Poderia, também, lembrar a imensa coletânea de contradições do governo Lula. Mas não fez isso. O PT apresentou como denúncia grave a aposentadoria proporcional de Fogaça como senador, na forma da lei vigente. E embora reiteradamente concitado a lembrar que Olívio Dutra trabalhou quatro anos como governador e receberá aposentadoria vitalícia integral, na forma da lei, Fogaça se negou a mencionar isso e a lembrar as agressões perpetradas pelo governo Lula nos direitos de aposentadoria dos trabalhadores brasileiros.
Do mesmo modo, embora sistematicamente agredido por quem cuidava de lhe por rabos que não tinha, ele não quis falar de Waldomiro Diniz, da lavanderia de dinheiro do Clube da Cidadania, de Delúbio Soares, e dos inúmeros escândalos que já cercam o governo Lula. Ela era candidato a prefeito de Porto Alegre e trataria dos assuntos da cidade.
O eleitor de Porto Alegre teve oportunidade de comparar diferentes condutas. E escolheu a mudança para um nível ético superior.
O que vi nestas últimas três semanas da campanha eleitoral em Porto Alegre me fez lembrar um episódio do qual participei, anos atrás, quando representava um candidato ao governo do estado em reunião na qual se estabeleciam regras para certo debate entre os disputantes do pleito.