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Tecnologia própria?
Por ricardo@sidicom.com.br
Criado em 25/01/2007 - 16:58
O mercado de software mundial reconhece que o governo é o maior comprador do setor, sendo responsável por 50% dos negócios. Ciente disso, encabeçam a lista dos destaques os países cujos modelos destacam o patrocínio para o desenvolvimento (americano), ou onde o governo financia o comprador (alemão) ou ainda no fomento para a excelência de software, com a isenção fiscal e facilidades para a capacitação no exterior (inidiano) . Mas no Brasil, onde os últimos levantamentos apontavam para o 6º lugar no mundo em faturamento com TI, e liderança absoluta na América Latina, não contamos com patrocínio, nem incentivo ao comprador, qualificação e muito menos a valorização do mercado nacional. Contamos sim com um défict estimado entre 15 mil e 20 mil de profissionais qualificados no desenvolvimento de software, uma das mais pesadas cargas tributárias e mais antigas legislações trabalhistas e pasmem, a parceria de empresas do governo contratando serviços de empresas fora do país, justamente por contarem com todas estes fomentos. Como explicar que ainda estamos vivos? Talvez o jeitinho brasileiro que aliado à competência, luta para sobreviver diante da concorrência desleal que o próprio governo aplica aos seus nativos (e contribuintes) que deixam aqui seus lucros. Afinal, não podemos esquecer que estamos falando do segmento de software no Brasil , composto por cerca de 7,7 mil empresas, onde quase um quarto são desenvolvedoras e produtoras de aplicativos; 54% operam com distribuição e revenda e o restante com prestação de serviços. Mesmo com menor quantidade de empresas prestando serviços ligados a software, o faturamento deste segmento no País é quase duas vezes maior do que o da área de produtos, o que também revela que com um faturamento de US$ 2,72 bilhões , indica 1,2% do mercado mundial de software e 41% do latino-americano, o que coloca Brasil, no mercado mundial de software e serviços correlatos, na 12º colocação. Números e notícias que não devem chegar em Brasília, pois foi de lá que veio pra nós, a mais nova afronta do governo, e pior, embrulhada como se fosse uma boa nova: a de que "até o fim de 2008, o sistema do INSS será migrado para plataforma feita por Dataprev e TCS". Isso, acreditem, "depois de 32 anos dependendo da empresa americana Unisys, única fornecedora de tecnologia da informação (TI) para a Previdência Social", e, como se ainda fosse pouco, a conclusão de assim "o governo está muito próximo de declarar independência e desenvolverá uma tecnologia própria". Tecnologia própria com mão indiana? Nossa colonização agora ganha mais uma linhagem e perde mais empregos e todas as movimentações financeiras deste, sem falar é claro, de deixar de estar genuinamente adquirindo tecnologia própria. Não queremos reserva de mercado, apenas um modelo para que possamos ter como competir no próprio mercado nacional, afinal, competir com tributos que representam quase 80% do custo final, não deixa nada competitivo a nossa própria tecnologia. * Ricardo Kurtz é presidente da Assespro Nacional.
Olho:
O mercado de software mundial reconhece que o governo é o maior comprador do setor, sendo responsável por 50% dos negócios.