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As aventuras de um “Home Officer” - Milu
Por rubens@ynner.com.br
Criado em 07/04/2008 - 00:00
Trabalhar em casa, assim como imaginei, me deu muita liberdade e também causou alguns problemas prosaicos que precisaram ser resolvidos com criatividade e coragem. De saída percebi que os meus sonhos e desejos por tanto tempo compartilhados com amigos não era apenas um mar de rosas.
Ganhei flexibilidade nos horários e, portanto consigo administrar melhor as saídas para driblar o trânsito ou rodízio Paulistanos, também deixei de ter a obrigatoriedade do convívio diário com os colegas que sempre traz conseqüências boas e estressantes. Também não tenho mais a estrutura que viabiliza e emperra projetos importantes. Enfim, sem estas dualidades das corporações, sejam elas grandes ou pequenas, a vida de um home-officer parece estar situada no Olimpo da vida de trabalhadores urbanos.
Mas reservo para este espaço o que considerei o fato mais inusitado desta experiência que iniciei há três anos. Amigos, chefes, companheiros e parceiros com quem compartilhei meus planos e projetos logo no início quiseram saber como estava a nova vida, o que havia de ruim e o que havia de interessante. Este interesse proporcionou longas conversas ao telefone.
Em primeiro lugar considere que trabalhar em casa significa, literalmente, conviver com entes queridos e entre eles os seus pets. A minha poodle Milu, minha neta segundo minha filha, conviveu comigo no escritório no início desta jornada e é exatamente ela a protagonista do fato inusitado e prosaico que passo a relatar.
Um grande amigo executivo de multinacional inglesa me ligou com o objetivo de saber como estava a vida de home-officer e a adaptação com a mudança de um apartamento para uma casa afastada da cidade. A conversa foi longa e falamos de tudo, trabalho, metodologia, disciplina, família e etc.
Lá pelas tantas decidi sair à varanda, ainda ao telefone com este amigo, e nem liguei para a algazarra que as maritacas estavam fazendo em árvores do quintal e próximas a casa. Tempo de acasalamento a algazarra é grande. Este amigo estranhando o ruído perguntou do que se tratava. Respondi que havia muitos pássaros namorando enquanto trabalhávamos e recebi o seguinte comentário:
- Pássaros no escritório, isto é que é trabalhar com qualidade de vida!
A conversa continuou rumo a qualidade de vida que se ganha quando, planejadamente, você constrói as condições para trabalhar em regime de home-office.
Considerações sobre coisas boas e dificuldades do lado de cá, reclamações e desejos do lado de lá e a conversa ia longa quando a Milu resolveu fazer um escândalo dentro do escritório, por conta de algum barulho na rua. Neste momento meu amigo observou:
- O que está acontecendo por aí?
Respondi que, vá lá, minha “neta” Milu estava brava com algo e recebi estupefato o comentário:
- Isto que dá trabalhar em casa, fica aí nesta vida de vagabundo com o cachorrinho no colo...
Resumo da ópera, passarinho piou tenha certeza que você conquistou muita qualidade de vida. Cachorrinho latiu, tenha certeza que você será constrangedoramente tachado de vagabundo pelos amigos.
A lição para quem pretende ingressar, ou está iniciando no mundo dos home-officers é que sua turma, executivos, familiares e colegas não estão preparados para entender o que esta mudança social e comportamental significa, quais os ganhos e dificuldades que envolvem esta transformação.
E por sermos igual a todos eles é que no início nos sentimos muito mal em estar em casa, em trabalhar mais a vontade, em fazermos horários muitas vezes esquisitos e em termos liberdade.
O mundo está em plena mudança e nós todos temos que nos preparar para ela no que diz respeito ao Corpo, a Mente e a Alma. Devemos aprender a trabalhar e a conviver com trabalhadores sob este novo regime, devemos conhecer as estratégias, modelos e metodologias deste tipo de trabalho e devemos desenvolver e cultivar os comportamentos que nos dão maior produtividade, mais resultados e mais felicidade. E isto tudo, para que todos se beneficiem, deve ser experimentado dos dois lados: por aqueles que continuarão nas corporações e por esta nova classe a que tenho chamado de home-officers.
Home-officers, bons negócios e aproveitem a vida com moderação!
* Rubens Pimentel Netoly é diretor da Ynner Marketing
Olho:
Trabalhar em casa, assim como imaginei, me deu muita liberdade e também causou alguns problemas prosaicos que precisaram ser resolvidos com criatividade e coragem. De saída percebi que os meus sonhos e desejos por tanto tempo compartilhados com amigos não era apenas um mar de rosas.