Mercado de TI – contexto, desafios e futuro

Este artigo traz uma visão consistente sobre os mercados de tecnologia a que estamos submetidos, dando a possibilidade de refletir sobre a nossa realidade, os desafios e o futuro promissor que nos aguarda.

Contexto Nacional e América Latina
O mercado brasileiro de informática cresce exponencialmente, impulsionado principalmente pelo câmbio favorável, desempenho da economia, investimento externo e abertura de capital das empresas brasileiras. Além disto, na indústria de hardware, a Lei do Bem  reduziu tributos federais sobre a venda de computadores, baixando o preço dos produtos e viabilizando o aumento de vendas.

Todos estes fatores têm feito o mercado brasileiro de tecnologia crescer acima da média mundial, atingindo índices acima de 15% no faturamento/ano das empresas, sendo os prognósticos para 2008 tão ou mais promissores. Em termos de participação, o setor de serviços responde por cerca de 51% deste total, o hardware 37% e o software fica na ordem de 12%.

Na América Latina, o Brasil lidera com cerca de 46%, seguido pelo México com 23% e a Argentina com 6% - do mercado de tecnologia de informação.

Quanto ao mercado de trabalho atualmente contamos com cerca de 892 mil trabalhadores no Brasil (47% da América Latina), seguidos pelo México com 430 mil e a Argentina com 179 mil. Até 2010, segundo o instituto IDC, deverão ser gerados 630 mil novos postos de trabalho em toda região, sendo que a maior participação continuará sendo da área de serviços.

Contexto Sul do Brasil
O Sul do Brasil, tem se tornado um importante pólo de investimento da indústria de tecnologia de informação.  Isso deve-se principalmente a busca de empresas clientes de pequeno e médio porte – abundante na região, do desempenho do agronegócio e da mentalidade empresarial local, de postura mais profissional, acostumada a lidar com projetos de informática e que encara a TI como importante aliado na gestão do negócio.

A vocação para o segmento de comércio e serviços (seguindo uma tendência mundial dos países desenvolvidos) é outro fator de atração, considerado o motor do crescimento desta região, veja o exemplo de Porto Alegre onde mais de 65% do PIB é originado nestes setores.

Infelizmente, o Sul também sofre com a carência de mão-de-obra especializada, apesar dos índices de escolaridade estarem acima da  média brasileira. Verifica-se
a  falta de pessoas de nível mais técnico e não universitários, os grandes gargalos estão em encontrar especialistas nas áreas de banco de dados, programação e consultores funcionais de ERP (muitos ainda “importados” de outras regiões do país). As empresas, de sua parte estão implementando ações de formação de profissionais buscando minimizar os impactos.

É importante verificar, a evasão de corporações de maior porte, decorrente de fusões e aquisições que vem ocorrendo nos últimos anos na região, o que tem  como conseqüência a redução da quantidade de cargos decisórios (não apenas de TI) bem como na remuneração dos executivos, uma vez que na recolocação enfrentam o desafio de enquadrar-se a realidade das empresas locais (Small and Medium Business principalmente) ou migrar para o centro do país onde a remuneração é bem mais atrativa, tendo como ônus, muitas vezes, o prejuízo na qualidade de vida.


Desafios e Futuro
O mercado de TI tende a crescer de forma contundente, tanto no Brasil como no Sul do país, o mercado nacional é pujante, porém ações importantes devem ser tomadas para que o crescimento seja sustentável e permanente, buscando nos preparar para a concorrência local e mundial e incrementar a qualidade dos serviços:

- Políticas de apoio à gestão de empresas de pequeno/médio porte e usuárias de tecnologia de forma a permitir que estas adotem metodologias e tecnologias adequadas em suas administrações;

- Retenção das empresas de grande porte, que possuem métodos e processos estabelecidos ou herdados de suas matrizes (muitas multinacionais) que são de grande valia para a evolução do mercado. Com o conhecimento delas, podemos “pular” etapas de aprendizado;

- Intensificação da instalação de pólos tecnológicos e incremento dos já existentes;

- Incremento na velocidade e qualidade da formação de mão-de-obra técnica para atender a demanda reprimida;

- Retenção dos talentos de gestão, pois após suprida a carência de recursos técnicos haverá a necessidade de gestão destes e de seus projetos, sendo que gestores não se formam/adquirem de um momento para outro.

Temos todas as condições em nossas mãos para tornar o Rio Grande do Sul, mais especificamente, num pólo tecnológico de expressão internacional nos mais diversos campos da tecnologia, não apenas em TI, basta apenas focar as ações, juntar os esforços em busca de um futuro promissor e fantástico para os “novos gaúchos” que haverão de nascer, só depende de nós.

*Biagio Caetano Filomena é IT Business Administrator