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ERP, este ainda ilustre desconhecido
Por biagio_caetano@hotmail.com
Criado em 30/06/2008 - 00:00
Três simples letras que vêm, há pouco menos de duas décadas no Brasil, revolucionando os negócios, colecionando legiões de fãs e outro tanto de céticos.
Depois de alguns milhares de implantações dos mais diversos “ERPs” nacionais, internacionais o que ainda vê-se é um massivo desconhecimento do que este tipo de aplicativo é capaz em sua plenitude. O desconhecimento explica o ceticismo e o fanatismo, muitas vezes exagerados, assim como em qualquer ação ou atividade humana.
Antes de continuar é preciso esclarecer dois pontos:
- ERPs são aplicativos que visam atender às atividades operacionais das corporações;
- Este articulista é a favor da padronização (nem fã e nem cético), por motivos óbvios.
Desconhecer o ERP em todo o seu potencial é algo absolutamente normal, até hoje não encontrei nenhum “técnico mago” que tenha afirmado conhecê-lo na totalidade, nem tampouco um fornecedor que tenha afirmado que possua um deste em seus quadros (infelizmente para todos nós).
O ambiente torna-se mais complexo com a crescente liberação de versões e de novas funcionalidades de negócios, muitas vezes arduamente customizadas no passado para atender “supostas” necessidades de negócio “imprescindíveis”.
Estamos, certamente, no meio da história do ERP, as primeiras implementações completas, cheias de customizações – “o sistema deve se adaptar ao negócio e não o negócio ao sistema” – mas ocorre que o sistema, como avisado, absorve “inteligência” de negócio, de forma mais rápida e a funcionalidade que não existia há dois anos atrás, hoje supera em muito a customização que fizemos, e o pior, esta customização ainda poderá dar dor de cabeça em alguma mudança de versão.
Vejam, que não falo aqui de fatos novos, já desde as primeiras implementações, um dos FCS (fatores críticos de sucesso), incansavelmente citados pelos quatro cantos era, fazer o mínimo de customizações.
Novo adendo, logicamente se falarmos das primeiras implementações de ERPs de classe mundial do início da década de 90, como iríamos fugir de certas customizações se eles não ofereciam cobertura a legislação fiscal e outros imbróglios da “terra brasilis”, para estes deve ser dado um grande desconto em relação as customizações.
Customizados ou standards a realidade é que “ainda conhecemos pouco do que esta ferramenta pode fazer por nossos negócios”, e por este motivo não obtivemos todos os frutos esperados.
A solução convencional é o treinamento, que deve cada vez mais ser estimulado, pois mal comparando os técnicos deveriam estar capacitados a conhecer seus módulos, assim como um piloto de avião conhece seu cockpit e seu avião, são treinados e re-treinados insistentemente para conhecer cada detalhe, cada situação e a cada “nova versão” voltam ao simulador para mais uma bateria de treinamento e testes.
No mínimo uma comparação interessante, mas se fizermos isto certamente com a falta de mão-de-obra existente estaremos formando para o mercado e não para nossa empresa, bem aí temos outro problema e usarei uma frase de um diretor da Disney para ilustrar:
“Deveríamos nos preocupar mais com os funcionários que não treinamos e que no entanto ficam em nossas empresas”
O porém do treinamento é a curva de aprendizado, que muitas vezes pode impedir a implementação para soluções de problemas urgentes, obrigando-nos novamente a customizar o que já está dento do “pacote”, por puro desconhecimento.
Outra solução, mais ortodoxa, seria a de uma parceira entre clientes e fornecedores, onde o cliente abriria seus maiores “problemas” ao fornecedor do ERP e o mesmo numa atitude de auxílio e até de responsabilidade, buscaria em sua base de conhecimento a solução para mesma, fugindo ao máximo das customizações. Esta depende sem dúvida da honestidade e abertura de relacionamento das partes que vê, não apenas um relacionamento comercial de curto prazo, mas numa efetiva busca de soluções, lucros e ganhos mútuos e de longo prazo.
* Biagio Caetano Filomena é Administrador e Professor
Olho:
Três simples letras que vêm, há pouco menos de duas décadas no Brasil, revolucionando os negócios, colecionando legiões de fãs e outro tanto de céticos.