O crescimento das empresas

O brasileiro é reconhecido por seu caráter empreendedor, sua criatividade para transpor obstáculos e por sua grande flexibilidade frente a dificuldades que surgem na gestão de seus negócios.

Anualmente surgem no Brasil milhares de novas empresas, aumentando a concorrência, mas a maioria encerra suas atividades antes de completar três anos de existência. Muitas dessas empresas surgem e crescem, mas chegam em determinado ponto que começam a apresentar problemas, principalmente por de falta de planejamento organizado, capital para investimento e de informações precisas e ágeis sobre seu negócio, características básicas da profissionalização.

A questão do planejamento - A empresa faz investimentos com capital próprio e acaba faltando capital de giro, gerando a necessidade de captação de dinheiro no mercado, muitas vezes através da antecipação de suas receitas futuras. O financiamento para investimentos em Ativos Fixos é muito mais vantajoso que uma operação para captação de recursos para capital de giro.

O custo financeiro é menor e o prazo de amortização, maior. A Alavancagem Financeira, que simplesmente significa tomar dinheiro com custo financeiro menor do que a rentabilidade da aplicação do mesmo, de forma a aumentar o retorno sobre o Patrimônio Líquido, é um recurso utilizado para propiciar o crescimento da empresa. Podemos citar algumas alternativas de captação de recursos com custo financeiro acessível e que servem para alavancar um negócio, tais como utilizar financiamentos oficiais para aquisição de máquinas e equipamentos ou desenvolvimento de tecnolgias, visando o fomento à produção, ou captação junto a investidores, ou ainda emitir papéis da empresa (ações, debêntures), ou realizar operações de crédito com garantias reais (imóveis).

A questão de profissionalização - Excesso de centralização, falta de controles e a não utilização da tecnologia disponível são apenas alguns dos problemas que deveriam ser resolvidos pelos gestores para que a empresa se torne mais rentável e cresça de forma consistente. A concentração de informações do negócio (estoque, compras, faturamento e fluxo de caixa, apenas como exemplos) em uma única pessoa, demonstra todo seu conhecimento e controle, mas também toda a fragilidade da empresa.

Qualquer problema que ocorra com esta pessoa pode acarretar em sérios problemas para o seu negócio, pois ninguém mais conhece os detalhes da operação. Além disso, esta concentração é um forte limitante do crescimento da operação.

A utilização de ferramentas de gerenciamento e controle propicia ao gestor uma análise rápida e ampla da situação da empresa e possibilita fazer um planejamento mais preciso, baseado em dados históricos, permitindo a administração consistente visando o crescimento.

Um bom exemplo disso são os softwares de gestão, que se adequam a qualquer porte de empresa e possibilitam ao empresário administrar mais informações com mais segurança, além de permitir o compartilhamento destas informações. Como exemplo, cito o controle do estoque, que pode propiciar o aumento da rentabilidade, por mostrar rapidamente qual o mix de produtos que tem maior giro e melhor "mark-up", pois estoque parado é sinônimo de prejuízo .

Com a estabilidade da economia, a constante redução da Taxa Básica de Juros e o incentivo governamental para a aceleração do crescimento, o momento atual do Brasil é propício para as empresas se "alavancarem" e crescerem com um ritmo mais forte e de forma consistente.

Para tanto, é imprescindível que seja feito um Planejamento bem elaborado, com objetivos claros, metas estabelecidas, com avaliação dos pontos fortes e fracos, riscos e oportunidades do negócio, projeções financeiras realistas, bem como a disponibilização de ferramentas de gerenciamento ágeis e eficazes.

Além disso, é fundamental estar atento às oportunidades que o mercado apresenta, com diversas linhas de crédito, governamentais ou não, buscando a mais adequada às características do projeto. Assim é possível visualizar com clareza o retorno que o investimento feito poderá gerar, bem como os pontos falhos do negócio, aqueles que devem ser melhorados para aumento da rentabilidade empresarial.

* Lacê Dias Pinheiro é diretor de Operações da Steffen & Pozzi