Prontos para a localização em tempo real

Recentemente, a Google lançou o serviço Latitude, cujo objetivo é possibilitar que você localize seus amigos em tempo real. O serviço baseia-se na localização aproximada do usuário, obtida a partir da localização do seu telefone celular por meio de técnicas que empregam a infra-estrutura de telefonia móvel. É interessante, mas controverso dado que gerou discussões acerca da privacidade e da segurança com a qual suas informações de posição são tratadas.

Há outro ponto a ser destacado no lançamento do Google Latitude, algo que nos parece passar despercebido na nuvem de discussões sobre seus benefícios e eventuais ameaças: é o fato de estar se tornando cada vez mais simples identificar a localização de pessoas e coisas em tempo real. O Latitude não apenas lhe dá isso, como o faz no seu celular. É a popularização definitiva das tecnologias de localização e rastreamento. O cada vez mais acessível GPS veicular aponta na mesma direção, ao permitir que você se localize facilmente mesmo em uma região desconhecida.

Como conseqüência direta, entendemos que a demanda por serviços baseados em localização vai aumentar por parte de clientes, cidadãos e usuários internos de TI. Afinal, se é possível que eu localize um amigo em tempo real apenas utilizando o meu telefone celular, de graça, porque a minha empresa ou governo não pode resolver problemas de negócio baseados em localização de pessoas e coisas?

Percebe-se que, seja utilizando uma rede de telefonia celular ou a rede de satélites de GPS, hoje é possível utilizar dispositivos de custo relativamente baixo que detectam a posição e a enviam a um Centro de Controle para tratamento. E, de acordo com as características da aplicação, você pode optar entre as alternativas tecnológicas existentes: menor custo com precisão na casa de centenas de metros (rede de telefonia móvel) ou precisão de poucos metros a um custo um pouco maior (GPS). Para aplicações mais específicas, como em portos, aeroportos, pátios industriais e depósitos, uma rede RFID pode dar conta do recado.

Com essas tecnologias, pode-se rastrear a localização de ativos das mais diversas naturezas. Hoje já vemos iniciativas operando com sucesso. O rastreamento de veículos é uma prática freqüente há alguns anos. Há cases de localização da posição de ônibus em suas linhas com o objetivo de informar aos passageiros que aguardam no ponto qual o tempo estimado de espera. Há boas experiências de rastreamento de malas em aeroportos e containeres em portos. O Departamento de Defesa Americano usa a maior rede RFID do mundo para controlar seus suprimentos e armamentos.

E, claro, também se pode desenvolver aplicações baseadas na localização de pessoas. Tem se tornado uma alternativa para aliviar a demanda e reduzir os custos do sistema carcerário no mundo inteiro a utilização de dispositivos de rastreamento em indivíduos sentenciados a cumprir penas em regime semi-aberto. Há ainda aplicações que aumentam a eficiência de equipes de pessoas que trabalham na rua – como vendedores, técnicos de campo, policiais, fiscais e outros agentes públicos – baseando-se na sua localização.

Quando o assunto envolve a localização de pessoas, lembramos que é fundamental avaliar o contexto legal vis-à-vis ao contexto operacional para assegurar pleno atendimento ao nosso Direito.

Acima listamos algumas tecnologias e aplicações de forma não exaustiva. Pode-se chegar a diversas outras com o engajamento adequado de um time multidisciplinar com conhecimento de tecnologia e negócio. Para isso, a Tecnologia da Informação deve repensar sua alocação de recursos para tornar-se menos operacional (terceirizando operações) e mais estratégica (integrando-se aos processos de negócio, atividade-fim e razão de ser das organizações).

Preparar seus serviços para a localização em tempo real representa também um desafio em termos de integração de tecnologias e sistemas. Perfeitamente gerenciável, desde que você selecione um parceiro adequado para ajudá-lo a desenhar e implementar o serviço. Afinal, é necessária a experiência prévia para a implementação de projetos heterogêneos e complexos como estes com sucesso. E para torná-los simples aos olhos dos usuários.

Leonardo Carissimi é líder do Programa de Segurança Empresarial da Unisys Brasil