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Convergência de mídia e tecnologia é uma questão pessoal
Por lbulegon@aquasoft.com.br
Criado em 19/06/2009 - 00:00
Lá pelos idos de 1995 tomei conhecimento, através de uma edição da revista Exame Informática, que posteriormente passou a denominar-se Info Exame, do livro de um autor chamado Antônio Rosa Neto.
Neste livro, intitulado “Atração Global - A convergência da mídia e da tecnologia”, Rosa Neto decorria sobre o futuro dos meios de comunicação e suas transformações, impulsionadas pelo avanço da tecnologia. Nesta época a internet ainda era coisa de “Nerd”, uma realidade tão distante da população que os prognósticos apresentados pelo autor pareciam coisa de ficção científica. Era difícil perceber esse movimento de convergência na prática!
Neste período, ainda estudante de Análise de Sistemas, deparei-me com um dilema: não conseguia me sentir satisfeito com a informação tratada daquela maneira no curso. Tratávamos a informação como uma quantidade; estruturávamos os dados em pilhas, filas, árvores ou mesmo grafos; manipulávamos quantidades de dados de um lado para outro do sistema. Mas, a todo momento, sentia que faltava algo nesse tratamento “mecânico” da informação.
Humanizar a técnica, quem sabe? Foi a partir da leitura do livro do Rosa Neto que mudei para Comunicação Social em busca de uma saída, sem perder de vista o aprimoramento técnico. Fiz esta mudança visando um posicionamento estratégico de carreira quando percebi que algo estava acontecendo no campo da computação. Ver uma revista essencialmente técnica acalentar assunto tão alhures ao campo da tecnologia como o que propunha Rosa Neto, foi o índice que segui para tal mudança. Posteriormente vieram as matérias sobre administração, gestão, marketing, designer, entre outros assuntos, que me deram a sensação de estar no caminho correto.
Esta mudança de interesse do campo, no decorrer do tempo, fez romper as limitações que eu andava imerso até então. A Informática, praticada na época, tirando a questão sistêmica, baseava-se em, sua grande maioria, em premissas de apenas um dos modelos da Comunicação, a conhecida Teoria da Informação. Para quem desconhece este termo, é aquele modelinho baseado na seguinte estrutura: informação → canal → receptor → feedback . Descobri, ao longo do tempo que existiam outras modelos, que também davam conta da informação estruturada e que ampliavam as possibilidades de realização da computação. Mas este é um assunto para um próximo artigo.
Ainda hoje a Teoria da Informação influência fortemente a ótica computacional. Mas a convergência, pouco a pouco, vem rompendo este paradigma. Percebemos isso a cada dia que passa, observando os profissionais da nova economia. Percebemos isso nas telas dos televisores, percebemos isso nos telejornais, nos blogs por ai a fora, no Jornalismo Online e em todas novas competências exigidas dos profissionais TCP/IP (Protocolo sobre o qual a internet funciona).
A tamanha convergência dos veículos, a evolução da tecnologia na escalada monstruosa destes últimos 14 anos que estou me referindo, requisitaram novos olhares sobre os rumos que o mercado tomou. Permitir que o mercado de TI se concentre única e exclusivamente em um pressuposto é parar no tempo.
É preciso ampliar o leque de observação para admitir que, cada vez mais, a tecnologia está virando processo, e que estamos migrando a passos largos da Engenharia do Chip Eletrônico para a Engenharia Social. Mais importante do que as máquinas hoje estão sendo consideradas as pessoas. E em se falando de pessoas, mais do que informar é necessário comunicar e interagir. Antigamente, o gargalo estava na capacidade de processamento das máquinas, hoje o gargalo esta na capacidade de aprendizado das pessoas e das equipes.
Já não basta mais ter a informação disponível. É preciso ter a informação certa no momento exato, mais do que consumidores de informação, nesses tempos de convergência, passamos a filtradores de conteúdo que, a cada dia adquire mais capacidade de interferir nos conteúdos em que se encontra imerso.
Fico feliz ao perceber que o antigo mercado de TI anda em velocidade de cruzeiro rumo ao novo mercado de TIC. E que a comunicação entre as pessoas esteja se tornando o foco principal dos esforços da produção de tecnologia e de conteúdo nos dias de hoje.
É neste tom de convergência entre mundos distintos, mas que a cada dia estão mais e mais próximos, que eu estréio esta série de artigos aqui no Baguete. Estou certo de que o caminho a ser trilhado é longo.
Mas pouco importa, pois o prazer se encontra na caminhada. E esta caminhada tem um ponto específico de chegada, e este ponto é: colocar o indivíduo como centro do processo técnico, e não o contrário. Convido a todos para me acompanharem nesta jornada, rumo ao âmago da questão.
* Liandro J. Bulegon é um dos sócios da Aquasoft, parceria da Borland no Rio Grande do Sul
Olho:
Lá pelos idos de 1995 tomei conhecimento, através de uma edição da revista Exame Informática, que posteriormente passou a denominar-se Info Exame, do livro de um autor chamado Antônio Rosa Neto.