A notícia não é nova, o problema é conhecido, e o Brasil mais uma vez parece estar perdendo o bonde da história. Só o governo não quer enxergar o óbvio: estamos na contramão da história na principal atividade que move o mundo, o conhecimento.
A TI brasileira vem reiteradamente alertando o governo de que não é possível manter uma competição justa com indianos e chineses, entre outros, sem que haja um tratamento específico para a questão da mão de obra especializada em desenvolvimento de sistemas. Atenção! Não estamos falando de competir lá fora, a guerra agora é aqui dentro, no nosso território.
TI requer uma cadeia produtiva que exige diferentes expertises, sendo praticamente impossível considerar que a formação ocorra dentro das universidades. Ao longo dos anos de trabalho, os técnicos aprendem determinadas tecnologias, aplicáveis a determinados nichos, o que gera uma quantidade quase infinita de variações.
Acontece que nosso governo resolveu agir em prol dos injustiçados companheiros dos BRICs. Estão encurralando as empresas nacionais para que não tenham mais contratos com Pessoas Jurídicas em suas organizações, contratos estes realizados de comum acordo entre empresas, de modo a viabilizar a instalação da cadeia produtiva, e manter a competitividade.
No final das contas, o que acontece é que dezenas de empresas indianas estão se instalando no Brasil, oferecendo os serviços de desenvolvimento por 1/5 do valor normal. É claro que aqui se instalam apenas os vendedores de serviços, pois os executores estão lá na Índia, sem qualquer preocupação com "Ser ou não Ser" PJ! Mesmo que a produtividade deles seja a metade da nossa, ainda assim a diferença de valor é gritante.
Com a posição de caça às bruxas tomada pelo Ministério do Trabalho neste início de ano, muitas empresas terão que fechar as portas, entregando seus projetos para os 'coitados' dos indianos.
Já vimos este filme acontecer com a engenharia brasileira. Faltam engenheiros? E aí? De quem é a culpa? Faltará software brasileiro? E aí? Continuaremos a perguntar por quê?
Ministro Lupi, ainda há tempo de impedir a mortandade na indústria de software nacional.
* Ilan Goldman é Presidente da Assespro-RJ
A notícia não é nova, o problema é conhecido, e o Brasil mais uma vez parece estar perdendo o bonde da história. Só o governo não quer enxergar o óbvio: estamos na contramão da história na principal atividade que move o mundo, o conhecimento.