Os recentes recordes em vendas e produção de automóveis no Brasil não deixam dúvidas: a indústria automobilística vive seu melhor momento no País.
Esses novos veículos que chegam às ruas, no entanto, têm gerado uma situação que deve ser estudada e enfrentada de forma séria e consistente.
Trata-se do trânsito e congestionamento nas médias e grandes cidades, que tem levado os indivíduos a enfrentar altos níveis de estresse, comprometendo suas atividades cotidianas, como cofnirma pesquisa realizada pela IBM.
A IBM apresentou em setembro os resultados do IBM Global Commuter Pain Survey, estudo realizado anualmente desde 2008, no qual a companhia procura entender a atitude da população de algumas cidades ao redor do mundo em relação às dificuldades de locomoção que afligem todo o planeta.
Os números de 2011 trouxeram alguns dados positivos: ainda que isso nao se confirme no Brasil, em várias outras localidades pesquisadas mais pessoas estão optando pelo transporte público ao invés de dirigir o próprio carro.
Em cidades onde ações preventivas estão sendo tomadas, muitos respondentes afirmaram ainda que o tráfego nas ruas melhorou substancialmente. Entre os pesquisados, 35% afirmaram ter mudado a forma de ir ao trabalho ou à escola no ano passado.
Desse grupo, 45% passaram a optar pelo transporte público. São as pessoas comuns tomando para si a tarefa de criar, a partir de pequenas ações, um planeta mais inteligente.
O estudo revelou também que as pessoas estão cada vez mais estressadas.
E isso está influenciando seu desempenho no trabalho e na escola.
Do total de entrevistados, 69% disseram que o trânsito afeta negativamente algum aspecto de sua vida, aumentando os níveis de estresse e gerando impactos na saúde física e mesmo na produtividade.
Até ocorrência de problemas respiratórios sérios foram reportados ao estudo.
As mesmas pessoas que responderam que os problemas de trânsito estão acabando com sua saúde sinalizaram outro fator interessante: o desejo por informações mais acuradas e em tempo real sobre condições das estradas e ruas como forma de reduzir o estresse.
Essa necessidade foi apontada por cidades como Los Angeles, Chicago, Moscou e Bangalore, na Índia.
Trata-se de uma enorme oportunidade para o mercado de tecnologia.
Aliar o conceito de Cidades Inteligentes ao da Internet das Coisas no redesenho das cidades, de forma a amparar seu crescimento físico e tecnológico, é uma ideia da qual ninguém deve fugir.
Neste cenário, o ideal é que cidadãos, empresas e governos a abracem e apostem nela para melhorar a dinâmica da vida em sociedade, prestando atenção aos casos nos quais ela já foi aplicada.
Exemplo importante é o Centro de Operações Rio, no Rio de Janeiro.
O local integra cerca de 30 órgãos municipais e concessionárias que monitoram o funcionamento da infraestrutura de toda a cidade.
Por meio dele é possível alertar os setores responsáveis sobre riscos e medidas urgentes que devem ser tomadas em casos de emergência.
O edifício de três andares no bairro Cidade Nova, próximo à sede administrativa, está conectado a mais de 100 câmeras espalhadas pelo Rio de Janeiro. Na sala de controle são 70 operadores vigiando a cidade com o uso de telões, 24h por dia.
Os dados são concentrados em um só lugar para facilitar a tomada de decisão em situações de crise.
Outro exemplo básico de iniciativa com foco em uma Cidade Inteligente é o desenvolvimento e instalação de semáforos inteligentes.
Eles podem ter seu controle de tempo modificado por variáveis simples, como hora de maior ou menor fluxo do trânsito ou data (como feriados ou dias de semana), bem como a partir de uma central que, baseada em algoritmos sofisticados, analisa diferentes informações e variáveis oriundas de outros semáforos ou de incidentes – como uma colisão em ruas próximas, que possa alterar o fluxo do trânsito.
O semáforo constitui, assim, um objeto inteligente do serviço de controle de trânsito.
Mas o grande ganho acontece quanto as informações que esses dispositivos capturam são interligadas a um centro, analisadas coletivamente e processadas por algoritmos capazes de prever congestionamentos e simular alternativas.
Ainda sobre trânsito, o estudo desenvolvido pela IBM Research mostrou que de todos os pesquisados, 41% acreditam que um melhor transporte público deve ajudar a reduzir os problemas de congestionamento.
Além disso, atualmente verifica-se maior movimentação na adesão ao transporte público em cidades de economias emergentes como Nairobi (Quênia), Cidade do México, Shenzhen (China), Buenos Aires e Pequim.
Se essa tendência continuar, pode ajudar a reduzir os crescentes congestionamentos que costumam estar atrelados à urbanização e ao crescimento da população.
Para melhorar o fluxo do trânsito e reduzir os congestionamentos, as cidades precisam encontrar formas de antecipar e evitar o congestionamento, pois atualmente ele tem potencial para transformar o mundo em um grande estacionamento.
A boa notícia é que já estamos com muita dessa tecnologia necessária desenvolvida ou em adiantados processos de criação.
O negócio agora é implantá-la e colocá-la em uso. Vamos aproveitar ainda o fato de que as pessoas estão mais dispostas a substituir os carros pelo transporte público e teremos cada vez mais cidades inteligentes transformando a vida do cidadão por todo o planeta.
*Joel Formiga é líder para Smarter Planet da divisão de consultoria da IBM Brasil.