O crescimento econômico do Brasil nos últimos 10 anos, apresenta um cenário interessante para o desenvolvimento de atividades que consigam ser meio facilitador deste mesmo crescimento econômico, as atividades “meio”, acabam beneficiando-se deste crescimento, especialmente quando conseguem apresentar a seus consumidores opções para fazer mais, melhor, de forma mais fácil, mais eficiente ou todas juntas.
A Embraer, ocupa hoje a 3º posição no ranking mundial de vendas de aeronaves, atuando nos segmentos de aviação comercial, executiva e de defesa, a liderança na venda de aeronaves regionais, que tenham entre 70 e 120 assentos.
A empresa tornou-se referência no mundo dos negócios, por sua liderança estável na produção destas aeronaves, a tal ponto de tornar-se estudo de caso publicado no original Americano da conceituada Harvard Bussiness Review.
Muito mais que um orgulho nacional, uma verdadeira estrela no desenvolvimento de pesquisa, desenvolvimento e engenharia avançada, agregando valor ao seu produto e entregando valor ao cliente.
Comercialmente, o E-JET 195 da EMBRAER tem um preço de 41 milhões de dólares por unidade, equivalente a cerca de 250 mil toneladas de minério de ferro, 99 mil toneladas de soja [1] ou 15 mil toneladas de carne bovina [2], mas seu valor vai muito além do preço, dada a capacidade de entregar eficiência operacional e com isto maior margem por assento vendido as companhias aéreas que o utilizam, o valor está não no preço, mas na capacidade de ser útil ao negócio final da organização.
Entregar valor é um processo maior que apenas precificar o produto ou serviço de forma correta, mas sim, como a Embraer [3], realizar análises, entender os cenários que se apresentam, realizar as mudanças, refletir sob a ótica do cliente, principalmente de que forma se dará a aplicação deste produto ou serviço, e indo além, sendo capaz de sob a ótica do cliente, compreender de que forma este produto ou serviço não se tornará apenas mais um fornecedor a ser pago, mas um elo importante da cadeia de negócio da organização, tornar isso realidade diária na relação entre empresa e consmidor e não apenas usar disto como mera comunicação isto ao consumidor, mas na prática não entregando aquilo que comunica.
Podemos comparar ainda comportamento empresarial semelhante, também no mercado da aviação, com a Azul Linhas Aéreas Brasileiras, que entre 2008 e 2012 consolidou-se como um crescente terceiro lugar na aviação civil comercial Brasileira, onde apesar de não ter o menor preço, voando [4] para aeroportos muitas vezes distantes de grandes centros urbanos, consegue entregar maior valor a seu cliente, demonstrado pelo índice de ocupação, que chega atingir, de forma frequente 94% de seus assentos.
No setor de Tecnologia, o caso da Viajanet, tornou-se notório, ao triplicar seu faturamento em 2011, atingindo a casa de 200 milhões de reais.
A agência de turismo on-line, abandonou práticas que não propiciavam a mais simples e clara compreensão do serviço que presta ao consumidor, abandonando, “tickets”, “check-in” e “gate” substituindo por termos como bilhete, despachar bagagem, balcão de atendimento e portão de embarque, facilitando ao máximo o processo de compra de passagem ao consumidor que nunca voou e que busca o menor preço da forma mais simples possível, enquanto outros sites “escondem” a busca de preços, a Viajanet a expõe constantemente, ao entregar preço menor e facilidade, entregam também valor, ao seu consumidor.
As empresas, Embraer, Azul e Viajanet, não existem como atividade fim das pessoas, são meios para realizar negócios, lazer de aproximar e recuperar o contato humano. Assim como a Tecnologia da Informação, por exemplo.
O mercado Brasileiro de Tecnologia e Negócios, tem presenciado, de forma até frequente, desde implantações mal-sucedidas de ERPs, passando por quebras de contratos, setores públicos e privados, corporativo, varejo, pessoas físicas e jurídicas, com até mesmo, em casos extremos, onde ocorre a inabilitação de operar, como no caso do grupo B2W, que congrega marcas como Americanas, Submarino e Shoptime.
Parece, que em algum ponto, muitas organizações esquecem, ou sequer conhecem, a importância de entregar valor ao cliente, seja ele um cliente interno da organização, público ou privado, pessoa física ou juridica, varejista ou distribuidor, comprador ou consumidor final.
Quantas organizações empregam, de forma profissional, responsável, organizada e planejada, recursos para pesquisar, compreender e antecipar as necessidades, desejos, demandas e operações de seus consumidores, a ponto de entregar valor a seus consumidores.
Sua organização investiu, recentemente, de forma prática, orientada a mudanças e a resultados nestas pesquisas e na aplicação das mesmas ao negócio ? as pesquisas, quando realizadas sairam efetivamente do papel?
Até que ponto podemos dizer que nossas áreas de tecnologia e negócios no Brasil, tem obtido sucesso em pesquisar, compreender e antecipar as necessidades, desejos, demandas e operações de seus consumidores, a ponto de entregar valor, de forma tão bem sucedida como a Embraer? E a sua organização, entrega valor ao seu consumidor?
*Gustavo Melo é consultor de marketing
Links:
[1] http://www.abiove.com.br/exporta_br.html
[2] http://www.portaldoagrovt.com.br/agro/julho_exportacoes_de_carne.pdf
[3] http://hbr.org/product/embraer-shaking-up-the-aircraft-manufacturing-mark/an/UV0802-PDF-ENG
[4] http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/redacao/2012/03/26/dupla-triplica-ganhos-vendendo-bilhete-aereo-a-quem-voa-pela-primeira-vez.jhtm