Apesar de ser um conceito relativamente antigo, as API’s (ou interface de programação de aplicativos) voltaram a ser hype nas rodinhas de TI. Parte desse sucesso se deve a ascensão de modelos de negócio baseados em Cloud (como Google Apps e outras plataformas as a Service), além, é claro, da popularização do termo com o crescente número de aplicativos desenvolvidos para plataformas mobile e redes sociais que utilizam API’s.
É interessante perceber o impacto que o desenvolvimento de uma API de serviço pode ter nos negócios de uma companhia. Para tanto, basta ver o caso da Netflix, que começou suas operações no Brasil este ano e talvez seja o case mais emblemático dos últimos anos.
Para a Netflix, o desenvolvimento de API’s é estratégico e determina o sucesso do negócio. Em 2008, a empresa lançou sua primeira API. Em 2009 foi lançado o aplicativo oficial da Nokia, que habilitava assistir a trailers de filmes online.
Em 2010 o aplicativo oficial para iPhone e, em 2011, para Android, que acessam todos (ou quase todos) os recursos disponíveis no site e possibilitam ver filmes online.
No entanto, a (boa) surpresa para a Netflix e sua API foi a excelente aceitação de vídeos on demand, especialmente com o desenvolvimento de sua aplicação para mais de 200 dispositivos diferentes (não mobile).
De aparelhos de DVD e TVs a videogames, que se conectam a internet, utilizam a API da Netflix e acessam uma lista de filmes disponíveis, informações sobre a conta do usuário, entre outras funcionalidades.
É importante ressaltar que, apesar de muito útil, a utilização de API’s pode se tornar um risco se não houver o gerenciamento de sua utilização. É aí que entra uma peça-chave na organização e disponibilização desse serviço: a Governança.
É verdade que tudo que é governado possibilita maior controle; um maior controle possibilita aos negócios que agreguem maior desempenho e, com isso, rentabilidade. No caso das API’s, o princípio é o mesmo. Utilizar uma API e não fazer sua governança implica em:
- Aumento dos custos de manutenção, visto que a análise dos efeitos colaterais é dificultada pela falta de informações;
- Aumento do tempo para o atendimento de novas demandas;
- Alta dependência de pessoas-chave na companhia.
Em resumo, se torna uma aplicação pouco ou mesmo sem rentabilidade, com custos de manutenção desnecessários, além de aumentar o risco de a companhia comprometer seus próprios negócios devido a impactos em cadeia causados por terceiros, nesse caso, o provedor da API.
Em um mercado tão competitivo, arriscar a imagem da companhia, potencializa a perda de possíveis negócios ao invés de gerar novos.
Por isso é importante que seja estabelecido um procedimento de governança deste serviço, a fim de se ter respostas para questões como: Quais as implicações e quem será impactado no caso de uma atualização? Quais serviços ou aplicações utilizam esta API e de que forma ela está sendo utilizada? É rentável manter certa API ativa e qual a rentabilidade que ela proporciona ao negócio?
A resposta só é possível com uma estratégia de governança destes serviços. Se você não governa suas API’s, saiba que você corre um grande risco. Se você governa, parabéns, você está no caminho certo.
*Kleber Bacili é CEO da Sensedia. É formado pela UNICAMP com MBA em Gestão Empresarial pela FGV. É também docente em cursos de pós-graduação em SOA e Web Services na Unicamp e IBTA.