Há um movimento crescente de pessoas que esperam mais de seus trabalhos, que procuram atividades que reflitam quem elas são. Que buscam um propósito, buscam algo significativo. Cada pessoa tem uma postura perante a vida, perante os acontecimentos, perante sua história.
É dessa postura que vem a vontade de querer fazer, de querer mudar, de querer ser. A vontade é um movimento.
Começa pequeno, vai sendo estruturado, vai amadurecendo, esperando o tempo certo. Até que surge uma inquietação: “Como colocar a minha vontade no mundo?” E aí começam a surgir ideias.
Sim, nós temos ideias, o tempo todo. Podemos acreditar nelas, apostar nelas. Todos temos ferramentas e modelos que nos ajudam a entender o mundo. Temos experiências que constroem nosso repertório de sensibilidades e habilidades. É a partir disso que as ideias precisam ser desenhadas. E aí entra o design de negócios.
Utiliza-se o design apostando no impacto criativo que ele tem, em termos de formação, possibilidades e diferenciação. Além disso, o design é otimista. Tem como premissa acreditar que pode facilitar a vida das pessoas. Só um otimista acredita nas suas ideias.
Através da facilidade de um pensamento visual, alguns modelos de negócio são esquematizados. E não necessariamente estamos falando de um novo negócio. Projetos, produtos e serviços também estão na roda.
A primeira ferramenta utilizada para isso é a observação. Ver, entender, buscar informações. Colocar-se em situações diferentes, instigar as pessoas, vivenciar a experiência do usuário, do cliente. Fazer perguntas, escutar. Enfim, mergulhar e criar um novo mundo de onde vão sair novas perguntas, novas respostas, constatações, insights.
A segunda ferramenta é a imaginação. Gerar ideias em cima das ideias, sair da lógica formal das coisas e apostar em um pensamento abdutivo. Pesquisar, pensar, testar, repensar. Errar. Se apropriar do erro, saber que ele faz parte do processo.
Até que chega-se em uma ideia que pode ser configurada. A configuração é a terceira ferramenta: traduzir a ideia em um sistema de atividades que produza o resultado desejado.
É o design de negócios na essência que concretizará a vontade. E aqui estamos falando de negócios e projetos que nascem de referências internas, que tem um propósito. Que fazem a diferença para o empreendedor e para o cliente, pois estão cheios de paixão e talentos.
E quando conseguimos aliar nosso talento às necessidades do mercado, encontramos nossa vocação. Exercer essa vocação é vivenciar o fluxo, um sentimento diário de satisfação. Uma experiência de fluxo é aquela que estamos completa e inconscientemente absortos no que quer que estejamos fazendo. Quando trabalhamos naquilo que gostamos o fluxo nos move e nos faz acreditar.
* Roberta Ribeiro Hentschke é diretora da Bora Design de Negócios