"Errar é a única maneira que temos de sermos autênticos. Ninguém erra da mesma maneira, nem tentando".
Ouvi isso há mais ou menos um ano atrás em uma palestra sobre processo criativo. O quanto precisamos insistir em um processo para provocar o erro e se apropriar dele da melhor forma possível. Para poder continuar, para poder evoluir e, principalmente, para inovar.
De uns tempos pra cá, no “mundo dos negócios”, parece que pensar como um designer é a grande chave para empreender, um caminho alternativo ao tão já aclamado e necessário plano de negócios.
Mas o que é pensar como um designer? Será que os próprios designers pensam conscientemente como indicam uma série de publicações? Tenho minhas dúvidas.
A metodologia de design thinking tem sido utilizada para desenvolver projetos inovadores e auxiliar empreendedores a desenvolver produtos e serviços com foco no usuário.
Sugere que, ao invés de analisar alternativas existentes, é melhor desenhar futuros alternativos que façam sentido, que tragam algum significado para as pessoas, que sejam válidos e relevantes.
Propõe ainda uma compreensão mais ampla e profunda da experiência humana, dos problemas que nos afligem enquanto consumidores e como sociedade. Como resultado, o design thinking gera novos negócios (ou modelos de negócio), estratégias, serviços, produtos, tecnologias.
Quero aproximar aqui o design thinking com o boom das startups: pensar grande, começar pequeno e agir rápido.
Nada mais eficiente para isso do que trabalhar com uma metodologia que te induza ao protótipo, ao teste. Estar imerso no problema, sintetizá-lo, ter ideias para colocá-lo em prática, prototipá-lo e testá-lo com possíveis usuários: o design thinking adiciona elementos que faltavam à frieza das análises, criatividade e intuição.
Uma busca pela inovação centrada em aspectos humanos, utilizando métodos como a observação, co-criação, visualização, e modelagem do negócio. Envolve equipes de projeto e usuários e possibilita uma resposta rápida fundamental para empresas que estão entrando no mercado e precisam desenvolver seu modelo de negócio de maneira criativa, participativa e com custo baixo.
Criar um novo negócio, nesse sentido, é valorizar o processo. E como designer acredito ser esse o “x da questão”. Permear as etapas do design thinking é estar imerso em um grande processo de criação. Que te possibilita testar, errar, reavaliar, testar de novo, acertar.
Proporciona certa liberdade do “não saber”, do “estamos aqui para pensar juntos”. Valoriza a inteligência coletiva em projetos colaborativos que extrapolam números e colocam mais sentido no empreender. Lida com vontade e necessidade, com vocação e sustentabilidade.
O processo permite ajustes, permite aperfeiçoamento durante a “caminhada”, permite o experimentar e o reestruturar, o tempo todo. E o melhor, permite errar. Ou mais, estimula o erro. E isso, acredito ser fundamental para construir projetos inovadores.
Um processo que até então ficava “escondido”, sendo trabalhado dentro de escritórios para mostrar para o cliente apenas o resultado (magnífico), agora está de portas abertas e convida quem quiser participar e presenciar a construção de uma ideia, de um projeto ou o desenho de um negócio.
De qualquer maneira, eu não acredito em processos prontos. Se alguém deu nomes e etapas ao que é chamado de design thinking, podem apostar que existem diversos outros processos tão eficientes quanto, dentro da mente de criadores que nem se quer se dão conta de como trabalham para chegar ao resultado. O que importa, na minha opinião, é acreditar no processo. O resultado é consequência.
*Roberta Hentschke é diretora da Bora Design de Negócios