A integração entre sistemas de informação em um ambiente tecnologicamente heterogêneo é parte da rotina dos profissionais de tecnologia da informação. É desnecessário enumerar benefícios e motivações para os esforços de integração, que vão desde ganhos financeiros diretos até eliminação de erros comuns em procedimentos manuais.
Embora a integração de sistemas seja uma atividade bastante comum, e que inclusive já recebeu a devida atenção dos meios acadêmicos (são muitos os trabalhos relacionados com o assunto, apresentando casos de sucesso, técnicas, ferramentas e melhores práticas), quem acompanha o dia a dia dos projetos de integração sabe que as chances de encontrar pedras no meio do caminho são bem razoáveis.
Para impedir que estas “pedras” interfiram no sucesso do projeto, é preciso evitar alguns erros muito comuns. Seguem três dicas importantes:
1 – Não queira “conquistar o mundo” de uma vez só
Esta é a clássica abordagem de buscar resolver todos os problemas e atender a todos os requisitos possíveis e imagináveis em um único projeto de integração. Não é preciso ir muito longe para buscar argumentos contra esta prática: os livros de autoajuda estão recheados de parábolas relacionadas à estabelecer uma meta que seja viável, realista, atingível, traçar o caminho até lá e depois seguir a rota desenhada, passo a passo.
Com projetos de integração é a mesma coisa: por mais tentador que seja a ideia de desenhar uma arquitetura de integração genérica, configurável, flexível, parametrizável, escalável, o foco da equipe precisa estar no objetivo final: os sistemas precisam conversar entre eles de modo a permitir que a informação necessária (e somente a necessária) chegue ao outro lado completa, íntegra e com o desempenho esperado.
2 – Evite os “projetos tampão”
Muitas vezes aparecem requisitos que nitidamente não estão relacionados ao objetivo central do projeto de integração. Em especial em ambientes em que a liberação de recursos para desenvolvimento é complexa e demorada, é bastante comum que o mesmo projeto seja aproveitado para tapar buracos ou falhas.
E é natural que a equipe se solidarize com os usuários na busca de uma solução que os ajude a resolver estes problemas.
Porém é grande o risco de que estes requisitos tirem o projeto de seu objetivo final, mudando o foco original e, consequentemente, levando a resultados que podem não atender a todos os interessados.
3 – Busque equilíbrio entre processos e sistema
O que é ideal? Adequar os processos e procedimentos internos da empresa de modo a proporcionar o melhor uso possível das facilidades de automação que podem ser obtidas através de uma integração entre sistemas? Ou desenhar uma integração que se encaixe perfeitamente nos processos já testados, maduros e atualmente em vigor na organização?
Ambos soam bem, não é? Porém acredito que em boa parte dos casos, ambos são falácias. Não é comum que os processos e procedimentos organizacionais possam ser todos refeitos em virtude de um projeto de integração, assim como também é raro que uma integração possa refletir com exatidão os processos internos atualmente em vigor.
Para estes casos, minha sugestão é o meio termo. A dica então é que desde a definição do projeto a equipe se preocupe em criar um ambiente propício a uma negociação flexível e em bons termos entre as áreas envolvidas de modo a viabilizar a integração nos moldes adequados e ao mesmo tempo cumprindo as expectativas de prazos e custos.
Veja que o ponto central e comum às três dicas é que todos devem estar atentos ao objetivo final do projeto e não se desviar do mesmo: construir a ponte entre os sistemas com o tamanho e formato necessários.
Um projeto de integração de sistemas precisa ser humilde o suficiente para entender que ele não é o todo ou a solução de todos os problemas da corporação e sim apenas mais uma peça nas engrenagens que fazem a empresa se mover na direção almejada.
*Alexandre Fernandes é gerente de projetos da Ícaro Technologies, empresa que desenvolve e integra soluções de análise e gerência.