Meu avô não poderia imaginar o que está para acontecer com o esporte profissional. Ele foi Bobby McDermott, um jogador de basquete que fazia arremessos de longo alcance, cuja precisão o levaram para o Hall da Fama do Naismith Memorial, construído em homenagem ao inventor do esporte James Naismith.
Desde que o seu time Fort Wayne Zollner Pistons venceu o campeonato em 1946, a inovação melhorou as partidas de inúmeras maneiras. O tempo de 24 segundos para arremesso. Jogos mais longos. Melhores arenas. Hoje estamos prestes a ver a inovação orientada aos torcedores em um nível totalmente novo.
O uso inteligente de grandes volumes de dados (big data) foi um tema dominante no recente Global Sports Summit, realizado no mês de agosto, em Aspen, no Colorado (EUA). Lá conversei com os responsáveis por quase todas as ligas profissionais e eles reconhecem essa oportunidade sem precedentes.
Hoje, o maior grupo de torcedores de esportes globais é a Geração Y – jovens, homens e mulheres, nascidas entre 1980 e 1993. Eles são os primeiros aficionados que nasceram na era do dispositivo móvel.
Eles têm expectativas totalmente diferentes sobre tudo, incluindo a experiência nos dias de jogo. Eles interagem muito online, publicando furiosamente nas redes sociais a cada minuto. Mais da metade de seus comentários estão relacionados com as marcas, refletindo um desejo pessoal de influenciar as decisões de compra dos seus pares.
As redes sociais são apenas um pedaço de um aumento maciço do volume de dados no mundo. Nos últimos 20 segundos, mais dados trafegaram pela Internet do que todo o conteúdo online há 20 anos.
Então, fica a indagação. Será que os presidentes e diretores dos times de futebol, basquete, vôlei e outros esportes de massa estão se preparando para aproveitar essa avalanche de dados e melhor enganjar o público?
O fato é que esses gestores devem estar concentrados em inovação, na utilização do big data e na análise em tempo real de informação com o objetivo de melhorar o desempenho das equipes e também a experiência dos torcedores.
No futuro, os torcedores terão uma experiência inesquecível nos dias de jogo. Mensagens personalizadas dos jogadores, cartão de fidelidade para fazer pedidos de lanches via dispositivo móvel e até relatórios em tempo real sobre filas nos banheiros poderão ser realidade.
Você pode imaginar concorrer, a partir do seu dispositivo, a um lugar na coletiva de imprensa com o treinador depois do jogo ou a tirar fotos com os jogadores do lado de fora do vestiário? Isso também será possível.
A liga de basquete profissional americana já está abrindo caminho. A NBA transformou totalmente a maneira pela qual os torcedores acessam as estatísticas dos jogadores. Hoje você pode ver não apenas que Kevin Durant foi o principal marcador da liga, mas também de onde ele pontuou de forma mais assertiva.
Essa visibilidade instantânea é movida pela tecnologia de processamento e análise de dados em tempo real. 20 milhões de torcedores já visitaram o site stats.nba.com e outras centenas de milhões farão o mesmo à medida que a liga aumentar sua base global de torcedores em todo o mundo.
A tecnologia de computação em memória vai transformar tudo, desde a gestão dos times até os estádios. As análises avançadas em tempo real poderão medir os biorritmos e os desempenhos dos jogadores. Os treinadores vão abandonar as lousas e apagadores e usar tablets e simulação tridimensional para apresentar táticas e jogadas.
Os jogos que amamos não vão mudar. Os campeonatos continuarão os mesmos. As lendas continuarão vivas. A diferença é que as partidas ficarão melhores e mais inteligentes. Os dados se tornarão o novo elemento que potencializará o desempenho dos times e a interação com seus fãs.
* Bill McDermott é co-CEO da SAP, empresa de software para gestão de negócios.