Atualmente, vivemos em um mundo que incorporou a Internet no seu dia a dia. Em qualquer ocasião, buscamos respostas no mundo online. No entanto, poucos realmente sabem o que ocorre nas conexões da rede e os problemas e ameaças que surgem, ou que podem vir a surgir.
Uma grande questão que vejo nos dias de hoje refere-se ao chamado protocolo IP, ou Internet Protocol, que muitos já ouviram falar, mas nem todos sabem realmente o que significa.
Para que qualquer conexão entre computadores seja estabelecida, é necessária identificação das máquinas que desejam se comunicar. Cada computador, seja um notebook pessoal, um desktop corporativo ou um servidor que hospeda um site, necessita de um endereço único que o identifique na rede e o conecte a outro dispositivo. Este endereço é o protocolo IP.
A versão atual utilizada é a denominada IPv4, composta por 4 blocos de 8 bits, representados através de números de 0 a 255, como \"200.156.23.43\" ou \"64.245.32.11\". Sabemos agora que os computadores utilizam o IPv4. Então, a pergunta que fica é: “Mas, qual é o problema disso?”.
O problema é que durante a última reunião do órgão responsável pela gestão de domínios e endereços de Internet no país (CGI.br), chegou-se à estimativa de que em 2014, o estoque brasileiro de endereços IPv4 terá chegado ao fim.
Sem novos endereços IPv4, haverá a necessidade de utilizarmos soluções paliativas para acomodar novos usuários e serviços. Com isso, poderá haver uma degradação na comunicação entre os computadores, que se traduzirá em (mais) lentidão e falhas nos acessos.
Para solucionar isso, foi desenvolvido o IPv6, que substituirá o IPv4 e possibilitará um número praticamente sem fim de endereços públicos de Internet, além de apoiar o crescimento contínuo e estável da rede e a introdução de novos produtos e serviços.
Além de resolver o problema imediato do número de endereços, o IPv6 incorpora aspectos fundamentais para a expansão da Internet: SEGURANÇA. Apesar de não solucionar todos os problemas de segurança (isso é assunto para outra matéria), o IPv6 se preocupou em resolver e melhorar alguns aspectos de vulnerabilidades já apontados pelos especialistas em segurança da informação.
Porém, o IPv4 e o IPv6 NÃO são totalmente compatíveis entre si, já que o novo IP não foi desenvolvido para ser uma extensão, ou complemento do IPv4, mas, sim, um substituto que resolve o problema do esgotamento de endereços. Embora não operem juntos, ambos os protocolos podem funcionar simultaneamente nos mesmos equipamentos, por isso, a transição foi pensada e esta sendo feita de forma gradual.
Outra tendência que parece ser inevitável é o compartilhamento de endereços IPv4 durante o período de transição. Isto significa, na prática, que o mesmo endereço utilizado por mim, poderá ser simultaneamente atribuído a um ou vários outros usuários.
Resumindo, a migração de endereçamento IP da versão IPv4 para a versão IPv6 é um projeto que envolve riscos e exige um planejamento mais detalhado para evitar consequências graves nos quesitos de segurança e rastreabilidade.
Assim fica a pergunta: Quantos de nós estão acompanhando este tema? Nos próximos meses, a Internet deixará de funcionar da forma que conhecemos, mas quem estará realmente preparado para lidar com os efeitos desta mudança?
Se não houver nenhum grande impacto nos negócios de cada um, provavelmente, ninguém notará a diferença. Mas a minha posição é de que precisamos que as entidades representativas da sociedade civil participem das discussões para entender e divulgar a todos aquilo que está se passando do outro lado da tela de nossos computadores.
*Marcos Sakamoto é presidente da Assespro-SP