Marco Túlio Moraes, gerente executivo de Segurança da Informação da Cosan (Foto: Divulgação)
Em 2025, é impossível falar de tecnologia da informação sem mencionar o uso de IA. A presença dessa tecnologia deixou de ser experimental para se tornar parte relevante das operações empresariais, impulsionando eficiência, precisão e velocidade na tomada de decisão.
De acordo com a pesquisa mais recente da McKinsey sobre o tema, “The state of AI in early 2024: Gen AI adoption spikes and starts to generate value”, 72% das empresas já utilizavam IA no ano passado. Esse número não é apenas quantitativo, mas também qualitativo: entre as organizações que adotam a tecnologia, 77% a aplicam principalmente em análise de dados e geração de relatórios. Os ganhos mais citados estão relacionados à precisão nas análises e à economia de tempo, fatores diretamente conectados à redução de custos e otimização de processos.
No Brasil, há sinais claros de crescimento acelerado no uso da IA. Prova disso é que, segundo levantamento da IBM em parceria com a Morning Consult e a Lopez Research, 78% das companhias brasileiras planejam ampliar seus investimentos em IA até o fim de 2025. Esse movimento tende a impulsionar a competitividade e acelerar a transformação digital no país.
Os números confirmam uma mudança de mentalidade: 95% das empresas brasileiras relatam já ter obtido progresso em suas estratégias de IA, sendo que 48% perceberam retornos positivos sobre os investimentos (ROI). Além disso, 43% das empresas afirmam investir em treinamentos regulares para capacitar suas equipes, mostrando que a tecnologia só gera valor real quando acompanhada da evolução humana e organizacional.
Desafios para grandes corporações
Enquanto startups e empresas nativas digitais tendem a adotar IA de forma ágil, grandes holdings vivem uma jornada distinta: modernizar estruturas já consolidadas, conectando áreas diversas e garantindo interoperabilidade entre sistemas. O desafio é grande, mas também estratégico.
Nessas organizações, a aplicação da IA vai além da eficiência pontual, ela precisa ser integrada a processos complexos, que envolvem desde a governança corporativa até operações distribuídas em diferentes setores. Por isso, muitas companhias vêm investindo em padronização tecnológica, centros de excelência em dados e programas de capacitação para suas equipes. Essa combinação permite transformar a escala, antes vista como obstáculo, em diferencial competitivo.
Esse movimento já se reflete em iniciativas concretas em diferentes setores da economia. Na minha experiência, vejo exemplos como:
Eficiência operacional: em áreas como logística e transporte, algoritmos de otimização reduzem desperdícios, melhoram a utilização de ativos e apoiam decisões em tempo real. Isso inclui desde a alocação mais inteligente de recursos até a gestão integrada de cadeias de suprimento. Os dados são armazenados na nuvem e com protocolos de cibersegurança garantem a integridade e disponibilidade das informações para os colaboradores, otimizando a comunicação entre todos os setores das empresas.
Análise de dados avançada: no setor de petróleo e gás, técnicas de aprendizado de máquina e análise preditiva aplicadas a dados sísmicos e geológicos aumentam a precisão na identificação de reservatórios, reduzindo custos e riscos de perfuração.
Atendimento e experiência do cliente: bots conversacionais e assistentes virtuais baseados em IA já são realidade em diversas empresas. Além de oferecer atendimento 24 horas, essas soluções ampliam a autonomia do usuário e ajudam as empresas a mapear padrões de interação, aprimorando continuamente seus serviços.
Automação e segurança: uso de sensores conectados à Internet das Coisas (IoT), quando aliado à IA, viabiliza o monitoramento constante de condições ambientais, a previsão de falhas e a construção de operações mais seguras e sustentáveis.
Ciberdefesa inteligente: o uso de IA generativa e modelos de linguagem (LLMs) já começa a transformar a forma como Centros de Operações de Segurança (SOC) monitoram ameaças e respondem a incidentes. Ferramentas de automação apoiadas por IA reduzem o tempo de triagem, correlacionam eventos em grande escala e sugerem respostas em tempo real, aumentando a eficácia dos times de segurança. Além disso, tornam-se um trunfo essencial para responder também a ataques conduzidos com o apoio de inteligência artificial, que já aparecem de forma crescente no cenário global.
Enfim, o uso das IAs é realmente muito amplo. Acompanhar a evolução tecnológica e investir em inteligência artificial é um pilar estratégico para uma empresa que pretende evoluir também a sua gestão empresarial, entendendo seus mais variados usos e funções, que podem ser aplicados visando a necessidade de cada companhia.
O avanço da IA vai além de ganhos operacionais. Ele representa uma mudança estrutural na forma como as empresas competem e inovam, principalmente em grandes grupos, dada a robustez de suas operações. A questão não é mais “se” as empresas vão investir em IA, mas “como” vão estruturar esse investimento para gerar valor sustentável. No Brasil, que já tem mais de 120 mil holdings ativas (Mapa de Empresas 1º quadrimestre/2024/Governo Federal), onde a adoção ainda é modesta, o desafio é transformar o potencial em prática concreta, e rápido, para não ampliar o gap competitivo em relação a mercados mais maduros.
O futuro, cada vez mais, pertence às organizações capazes de combinar tecnologia, processos e pessoas em um ciclo contínuo de aprendizado e inovação.