FUTURO

Navegadores com IA irão engolir os produtos inteligentes

Como isso impacta e cria um novo desafio para projetos corporativos de inteligência artificial.

05 de novembro de 2025 - 11:48
Eduardo Bona é desenvolvedor web desde 2004, cofundador e CTO da Vivaintra by Vivaworks.

Eduardo Bona é desenvolvedor web desde 2004, cofundador e CTO da Vivaintra by Vivaworks.

Nos últimos dois anos, as empresas de tecnologia entraram em uma corrida para colocar e mostrar inteligência artificial dentro dos seus produtos.

Durante esse período, vimos de tudo: assistentes conversacionais, resumos automáticos, geração de texto e imagens — todas soluções embarcadas que prometiam revolucionar a produtividade corporativa. As IAs foram ganhando casca, se posicionando e ampliando seus próprios recursos.

Agora, neste final de ano, tudo aponta para um 2026 marcado pela ascensão dos navegadores com IA. Os grandes players estão disputando esse novo território, que promete abalar o já consolidado mercado de navegadores.

E, junto com isso, surge um desafio para as empresas que investiram pesado em IA embarcada: o risco de verem seus diferenciais perderem valor em questão de semanas. Afinal, o campo de batalha mudou.

Uma mudança completa no que já não é mais diferencial

Até aqui, a vantagem competitiva estava em “ter IA”. Mas quando todos têm, e quando os navegadores passam a oferecer respostas e ações diretas, esse diferencial deixa de existir.

Imagine a cabeça de um gestor que há poucos meses investiu em uma solução conversacional integrada aos dados da empresa. Foram semanas de desenvolvimento, testes, integrações, investimento financeiro e expectativa. Tudo isso para oferecer algo que agora qualquer navegador inteligente entrega, de forma mais rápida e com acesso a múltiplas fontes.

A era dos navegadores com IA chega como um presente de Natal para os usuários — que terão ainda mais autonomia e poder —, mas nem todos comemorarão esse avanço.

Nas próximas reuniões de tecnologia, a pergunta inevitável será: como as IAs embarcadas se diferenciam da sua versão mais poderosa e onipresente, que observa tudo de fora? E, principalmente, vale a pena competir com o que já está resolvido pelos copilotos e agentes universais?

Seu único diferencial sempre foi os dados: o contexto

Isso sempre foi dito, mas raramente levado a sério.

A corrida por vaidade e por marketing empurrou muitas empresas a exibir “features de IA” sem que o valor real fosse substancial. Agora, com a inteligência residindo fora dos sistemas, os produtos deixam de competir por features e passam a competir por contexto e sintonia com esses agentes externos.

O futuro das empresas não está mais em construir a melhor IA, mas em ser a fonte mais confiável e compreensível para as IAs externas.

Quem dominar a curadoria, a segurança e a interoperabilidade dos dados, dominará o próximo ciclo.

A nova fronteira da IA corporativa

A era da IA ainda não mostrou todas as suas cartas.

E é assim que 2025 terminará — e que 2026 começará — para muitos gestores de tecnologia: com mais IA, mais velocidade e mais disrupção.

O tabuleiro está montado novamente, e o jogo recomeça.

Só que desta vez, a partida não será entre produtos — será entre ecossistemas.

* Eduardo Bona é desenvolvedor web desde 2004, cofundador e CTO da Vivaintra by Vivaworks.

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