O lado TI dos candidatos

Tecnologia, inovação e gestão estiveram na ponta da língua dos participantes no debate organizado pela Federasul entre os três favoritos na eleição para prefeito da cidade: o atual prefeito, José Fortunati (PDT-RS) e os candidatos Adão Villaverde (PT) e Manuela D'Ávila (PCdoB-RS).

Dos três, Manuela foi a que fez manifestações mais repetidas e incisivas sobre o tema, em parte por iniciativa própria, mas também por ter sido a sorteada para responder a uma pergunta sobre o o assunto elaborada pela Federasul e ser questionada sobre o tópico por Villaverde.

“Quero menos papel e mais tecnologia na prefeitura”, afirmou a candidata comunista, destacando que pretende implementar na cidade projetos bem sucedidos em Canoas durante a gestão Jairo Jorge (PT-RS) como o teleagendamento de consultas e o sistema eletrônico de detecção de tiros em funcionamento na cidade.

No campo da atração de investimentos, Manuela prometeu a “reestruturação” da InovaPoa, agência de promoção da inovação da capital criada no começo da gestão Fogaça (PMDB-RS), de maneira a promover a atração de investimentos da indústria criativa na cidade.

A ex-deputada federal aproveitou para cutucar a atual administração da cidade, afirmando que o licenciamento ambiental do Parque Tecnológico da Ufrgs no Campus do Vale teria demorado cinco anos para sair, o que mostra “o nível de prioridade do assunto da prefeitura”.

[Uma parte muito menor do atraso, de cerca de um mês, foi causada por protestos do movimento estudantil da Ufrgs, no qual Manuela começou sua trajetória política].

O momento mais chamativo em relação à tecnologia da candidata, no entanto, veio nas considerações finais, quando, ao comentar sua visão de futuro para a cidade, afirmou que “um tablet é o mínimo que se precisa hoje para que uma criança esteja adaptada aos novos tempos”.

O prefeito José Fortunati (PDT-RS) frisou a melhoria em índice de gestão da capital gaúcha, uma das três com conceito A da Firjan no tema e indicada pelo TCE como a mais transparente do estado, além da melhoria em rankings de atratividade para investimentos.

No que tange especificamente ao tema de inovação e tecnologia, Fortunati frisou as realização das sua administração, como o início do cercamento eletrônico dos parques da Redenção e Harmonia, além do centro de monitoramento que está sendo construído para a área de segurança pública.

“Estamos planejando a cidade do futuro”, afirmou Fortunati.

Fortunati destacou também o convênio com a ESPM para  uma incubadora para empreendimentos da economia criativa na cidade, para o qual a prefeitura cedeu uma área de 7 mil metros quadrados na Azenha com projeção de receber investimentos de até R$ 10 milhões.

O petista Adão Villaverde não foi questionado sobre o tema ou recebeu perguntas relacionadas dos seus concorrentes, mas apontou inovação como um dos cinco eixos do seu programa de governo, destacando os planos para incentivar um “Porto Digital”, na área do Quarto Distrito de Porto Alegre, atraindo empreendimentos inovadores.

“Em Porto Alegre, a tecnologia ainda está muito dentro dos muros dos parques tecnológicos das universidades. Precisamos de uma cidade tecnológica”, afirmou Villaverde, destacando sua atuação na construção do Ceitec quando foi secretário de Ciência e Tecnologia do governo Olívio (PT-RS).
    
MANUELA DE OLHO NO SEGUNDO TURNO
Líder na corrida para a prefeitura segundo pesquisa do Instituto Methodus, com 38,6%, cinco pontos percentuais à frente e vice pelo Datafolha com 30%, neste caso oito pontos percentuais atrás do atual prefeito, Manuela evitou entrar em conflito com o candidato petista.

O ataques foram foram concentrados na gestão atual da prefeitura e combinados com o que pode ser visto como um acento para o eleitorado do PT em um eventual segundo turno.

Apesar de se apresentar como uma alternativa ao "ciclo encerrado" dos 16 anos de governo petista e dos oito da atual coligação PMDB-PDT, Manuela destacou seu papel como vice-líder do governo Dilma e usou repetidas vezes a administração do petista Jairo Jorge em Canoas como um benchmark para uma futura gestão da capital.

A candidata inclusive saiu em defesa do governador Tarso Genro (PT-RS), quando o prefeito Fortunati criticou em questionamento a Villaverde a atitude da secretária estadual do Turismo, ao anunciar a construção de um centro de eventos projetado por Oscar Niemayer na capital, o que, segundo Fortunati, “pegou totalmente por surpresa a prefeitura e o grupo de entidades que já vinha discutindo o assunto”.

Villaverde – que na pesquisa do Instituto Methodus aparece com 7,4% e na do DataFolha com 3% -
preferiu desconversar, mas Manuela afirmou que Tarso “não teria interesse eleitoral em anunciar um centro de eventos na capital, porque não concorre”, o que arrancou risos dos apoiadores de Fortunati presentes no Salão Nobre.

Ainda é cedo para fazer previsões sobre o resultado final antes do início da campanha na TV, na qual Fortunati terá 9 minutos, contra seis de Villaverde e Manuela, mas pelo menos já dá para dizer que o futuro de Porto Alegre como uma cidade de alta tecnologia estará na pauta.

E OS PROGRAMAS?
Com a campanha eleitoral já em curso, um eleitor mais inocente poderia esperar se informar sobre os candidatos consultando seu programa de governo no site de cada um.

É uma tarefa difícil, porque um programa completo com propostas não está disponível em nenhum dos três sites dos candidatos participantes do debate da Federasul.

O de Manuela exibe um texto breve com algumas propostas. O de Fortunati aponta para um formulário de contato na aba "Programa" e o de Villaverde não tem um campo específico.

A reportagem do Baguete Diário entrou em contato com as três campanhas questionando sobre o programa.

A única a responder foi a do candidato Villaverde, afirmando que está sendo finalizada nesta semana a carta a Porto Alegre, um “preâmbulo do programa”.

Após ver a matéria do Baguete Diário, a candidata Manuela entrou em contato pela redação por meio do Twitter e informou que uma versão impressa completa será lançada na terça-feira, 21, e depois subida para o site.