Truque é antigo, mas funciona. Foto: Depositphotos.
China e Rússia estariam utilizando espiãs em uma espécie de “guerra sexual” para descobrir segredos de big techs do Vale do Silício.
Pelo menos é o que garantem alguns consultores de inteligência ouvidos pelo jornal inglês The Times, em uma matéria que viralizou nas últimas horas.
A tática é conhecida como “armadilha do mel” (honeytrap, em inglês), uma operação de espionagem e chantagem que utiliza relacionamentos românticos ou sexuais para manipular ou extrair informações de uma pessoa-alvo.
Um dos entrevistados relatou ter sido alvo de sedutoras estrangeiras na tentativa de obter acesso a segredos tecnológicos dos Estados Unidos.
São táticas que incluem aproximações via LinkedIn e encontros presenciais, como em uma conferência empresarial sobre riscos de investimentos chineses, realizada na Virgínia, quando duas “atraentes mulheres chinesas” tentaram entrar e participar das reuniões.
Outra fonte, um ex-oficial de contrainteligência que atua no Vale do Silício e não quis se identificar, contou ao site um caso de uma “bela mulher russa” que trabalhava em uma empresa aeroespacial e se casou com um colega americano.
A investigação sobre a suposta espiã constatou que ela frequentou uma academia de modelo e uma escola russa de soft power, antes de desaparecer por uma década e ressurgir nos EUA como especialista em criptomoedas.
Ela começou a trabalhar na empresa do atual marido, casou, teve filhos, mas sua intenção seria alcançar o topo da comunidade de inovação militar-espacial.
Casos como esse parecem saídos de filmes ou de teorias da conspiração, mas, segundo os consultores, são mais comuns do que parecem e vêm ocorrendo há décadas nos EUA.
Outras táticas menos ortodoxas também são utilizadas, como competições para startups em solo americano, com o intuito de roubar planos de negócios confidenciais ou até sabotar empresas de tecnologia.
Há ainda casos de aliciamento, em que os vencedores recebem prêmios em dinheiro, subsídios e investimentos com a condição de levar a propriedade intelectual para a China e estabelecer uma operação no país.
O governo dos EUA fez um alerta às startups contra as competições de pitch internacionais, nas quais os fundadores apresentam suas ideias de negócios a investidores chineses, e ameaçou cortar financiamentos federais das empresas que participarem dessas ações.
Estima-se que as perdas com o roubo de segredos comerciais custem cerca de US$ 600 bilhões por ano ao contribuinte americano, sendo a China identificada como a principal fonte dessas perdas, segundo a Comissão sobre Roubo de Propriedade Intelectual Americana.
