SEGREDOS

Vale do Silício infiltrado por espiãs sexys?

Parece teoria da conspiração, mas prática está em alta, aponta matéria do The Times.

24 de outubro de 2025 - 07:28
Truque é antigo, mas funciona. Foto: Depositphotos.

Truque é antigo, mas funciona. Foto: Depositphotos.

China e Rússia estariam utilizando espiãs em uma espécie de “guerra sexual” para descobrir segredos de big techs do Vale do Silício.

Pelo menos é o que garantem alguns consultores de inteligência ouvidos pelo jornal inglês The Times, em uma matéria que viralizou nas últimas horas. 

A tática é conhecida como “armadilha do mel” (honeytrap, em inglês), uma operação de espionagem e chantagem que utiliza relacionamentos românticos ou sexuais para manipular ou extrair informações de uma pessoa-alvo.

Um dos entrevistados relatou ter sido alvo de sedutoras estrangeiras na tentativa de obter acesso a segredos tecnológicos dos Estados Unidos.

São táticas que incluem aproximações via LinkedIn e encontros presenciais, como em uma conferência empresarial sobre riscos de investimentos chineses, realizada na Virgínia, quando duas “atraentes mulheres chinesas” tentaram entrar e participar das reuniões.

Outra fonte, um ex-oficial de contrainteligência que atua no Vale do Silício e não quis se identificar, contou ao site um caso de uma “bela mulher russa” que trabalhava em uma empresa aeroespacial e se casou com um colega americano.

A investigação sobre a suposta espiã constatou que ela frequentou uma academia de modelo e uma escola russa de soft power, antes de desaparecer por uma década e ressurgir nos EUA como especialista em criptomoedas.

Ela começou a trabalhar na empresa do atual marido, casou, teve filhos, mas sua intenção seria alcançar o topo da comunidade de inovação militar-espacial.

Casos como esse parecem saídos de filmes ou de teorias da conspiração, mas, segundo os consultores, são mais comuns do que parecem e vêm ocorrendo há décadas nos EUA.

Outras táticas menos ortodoxas também são utilizadas, como competições para startups em solo americano, com o intuito de roubar planos de negócios confidenciais ou até sabotar empresas de tecnologia.

Há ainda casos de aliciamento, em que os vencedores recebem prêmios em dinheiro, subsídios e investimentos com a condição de levar a propriedade intelectual para a China e estabelecer uma operação no país.

O governo dos EUA fez um alerta às startups contra as competições de pitch internacionais, nas quais os fundadores apresentam suas ideias de negócios a investidores chineses, e ameaçou cortar financiamentos federais das empresas que participarem dessas ações.

Estima-se que as perdas com o roubo de segredos comerciais custem cerca de US$ 600 bilhões por ano ao contribuinte americano, sendo a China identificada como a principal fonte dessas perdas, segundo a Comissão sobre Roubo de Propriedade Intelectual Americana.