Anúncio da Husky não causou a reação esperada. Foto: Pexels.
A Husky, uma fintech especializada em transferências internacionais de dinheiro, decidiu implementar um salário mínimo de R$ 7 mil na empresa.
O que parece à primeira vista uma medida louvável acabou virando em parte um tiro na culatra, com um debate no Linkedin sobre se, afinal, a empresa está realmente botando a mão no bolso, ou só se promovendo por fazer o padrão.
A chave da polêmica é o modelo de contratação. No Gupy, uma popular plataforma de contratação, a Husky divulga vagas para contratação no modelo PJ.
Uma regra de cálculo comum é que um salário para um profissional PJ é geralmente o dobro de um contratado pela CLT, para que a modalidade se torne atrativa.
Assim, o salário de R$ 7 mil PJ seria equivalente a R$ 3,5 mil pagos pela CLT, o que é um valor acima da média salarial brasileira (só 5% ganha acima de R$ 7 mil no país), mas não tão fora do comum no setor de tecnologia, onde há falta de profissionais.
Nas divulgações que a Husky fez da decisão tanto para a imprensa como no Linkedin, a empresa também não menciona outros dados que seriam importantes para dar uma dimensão do impacto da decisão.
A Husky diz que o salário se aplica para “todos que atuam no time”, mas não chega a dizer quantas pessoas trabalham na empresa (no LinkedIn, estão listados 38 funcionários) e se “todos que atuam no time” inclui também eventuais prestações de serviços.
Outro tema chave seria o impacto que a decisão de subir o salário para R$ 7 mil teve sobre a média salarial já paga pela empresa, o que indicaria na prática o desembolso feito, independentemente dos contratos serem PJ ou CLT.
A reportagem do Baguete questionou a Husky sobre esses aspectos, ainda antes da polêmica explodir no LinkedIn, mas não teve retorno até o fechamento desta matéria.
Na sua divulgação do assunto, a Husky só falou em termos bastante genéricos, destacando a “hierarquia horizontal”, o “tratamento igualitário” e na prática de “trabalho remoto com a comunicação assíncrona”, por meio do qual os funcionários poderiam “decidir o melhor local e horário para desenvolver as suas atividades”.