CONTAS

Boleto ainda é rei no B2B

Meio de pagamento é usado 69% dos valores pagos, aponta pesquisa da Qive.

03 de novembro de 2025 - 07:31
Christian de Cico, co-CEO e cofundador da Qive.

Christian de Cico, co-CEO e cofundador da Qive.

O avanço do Pix ainda não chegou no meio corporativo, no qual o bom e velho boleto ainda é o meio de pagamento número um.

Segundo um levantamento da Qive, com milhões de notas fiscais emitidas entre janeiro de 2023 e setembro de 2025, o boleto teve apenas uma pequena queda na participação dos valores pagos, que passou de 73,2% para 69,3% no período, totalizando R$ 2,47 trilhões em valor financeiro.

O volume de documentos teve uma movimentação similar, indo de 70,4% para 64,9%, com 224,3 milhões de notas fiscais liquidadas.

A Qive, até pouco tempo atrás conhecida como Arquivei, olhou 315 milhões de notas fiscais eletrônicas, totalizando R$ 3,7 trilhões em valores, considerando os métodos de pagamento B2B e os 12 principais segmentos econômicos (CNAEs). 

A startup tem esses dados todos porque oferece uma plataforma de contas a pagar,  integra e automatiza, em um único fluxo conectado ao ERP, a gestão de pagamentos, documentos e fornecedores. 

Em 2025 o boleto representa entre 50% e 80% do valor financeiro das transações na maioria dos setores, com destaque para Saúde (79,4%), Infraestrutura (69%) e Varejo (67,8%).

Segundo o levantamento da Qive, essa resiliência do boleto é sustentada por fatores como compliance bancário, facilidade de conciliação e integração com sistemas de gestão (ERPs).

“As empresas não substituem o boleto da noite para o dia porque ele cumpre funções críticas de conformidade e integração. O crescimento de transferências, depósitos e Pix indica que o futuro dos pagamentos será cada vez mais híbrido, combinando eficiência digital com segurança e previsibilidade operacional”, afirma Christian de Cico, co-CEO e cofundador da Qive. 

O levantamento também mostra avanço consistente das transferências bancárias e carteiras digitais. O share financeiro de "transferências" por segmento mostram um comportamento similar ao de depósitos, com predomínio do formato em setores contratuais: serviços (27,9%), energia (27,1%) e setor público (17,2%). 

A movimentação foi de R$ 374,9 bilhões em 14,1 milhões de notas no período neste recorte, consolidando o segundo lugar em participação no valor financeiro B2B. 

Já os depósitos bancários somaram R$ 318,5 bilhões em 10,9 milhões de documentos e ampliaram seu share de valor financeiro de 10,3% (2023) para 11,9% (2025), especialmente em Energia (24,4%), Setor Público (22,8%) e Educação (12,8%).

O Pix registrou crescimento de frequência de uso, passando de 0,8% para 1,6% no volume de notas entre 2023 e 2025, mas segue com participação inferior a 0,5% no valor financeiro total. 

O método se concentra em pagamentos rápidos de baixo valor, especialmente nos setores de Varejo e Serviços, sem ganhar relevância nos segmentos de maior ticket médio.

A Qive foi fundada em 2014 em São Carlos, interior de São Paulo, com a missão de centralizar, organizar e automatizar documentos fiscais. Em 2021, recebeu um aporte de R$ 260 milhões em rodada Série B liderada pela Riverwood Capital. 

Atualmente, a empresa processa R$ 3 trilhões em notas eletrônicas anualmente e já gerenciou mais de 3,8 bilhões de documentos fiscais nos últimos onze anos. A Qive tem mais de 300 colaboradores no Brasil e atende mais de 210 mil clientes no país, entre eles Faber-Castell, Bayer, Casas Bahia e Kraft Heinz.