Tweet custou o cargo a Hélo Doyle. Foto: Reprodução.
Hélio Doyle, presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) foi demitido depois de nove meses no cargo. O motivo? Um retweet no X, o antigo Twitter.
Doyle, que tem 12,5 mil seguidores na rede social, resolveu compartilhar na manhã da quarta-feira, 18, uma postagem singela de Carlos Latuff, um cartunista carioca conhecido pela obra categoricamente esquerdista.
“Não precisa ser sionista para apoiar Israel. Ser um idiota é o bastante”, publicou Doyle, um jornalista experiente com passagem em uma série de grandes jornais que na última década tem atuado em campanhas eleitorais.
Pela tarde, Doyle teve uma reunião no Palácio do Planalto com o ministro da Comunicação Social, Paulo Pimenta.
O resultado foi um pedido de demissão, também compartilhado no X.
"O ministro Paulo Pimenta me manifestou hoje seu descontentamento por eu ter repostado, no X, postagem de terceiro acerca do conflito no Oriente Médio. Disse-me que a referida repostagem e sua repercussão na imprensa criaram constrangimentos ao governo, que mantém posição de neutralidade no conflito, em busca da paz e da proteção aos cidadãos brasileiros. Diante disso, pedi desculpas e comuniquei que deixo a presidência da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), agradecendo ao ministro Pimenta e ao presidente Lula pela confiança em mim depositada por todos esses meses", tweetou Doyle.
A bem da verdade, Doyle vinha postando intensamente sobre a intervenção militar israelense na Faixa de Gaza, adotando um ponto de vista bastante crítico a Israel e favorável aos palestinos (o que, aliás, é o padrão em círculos mais ortodoxos da esquerda, e mesmo no PT institucionalmente falando).
O problema é que a EBC controla a TV Brasil e Agência Brasil, órgãos de comunicação do governo federal, que no momento tenta se posicionar como um intermediário de um acordo de paz (com direito a uma proposta no Conselho de Segurança da ONU no mesmo dia dos tweets de Doyle).
Em declarações ao jornal O Globo, Doyle reiterou seu apoio à posição de neutralidade adotada pelo presidente Lula e afirmou que a linha jornalística da EBC segue a imparcialidade.
Maurício Renner
Editor at Baguete Diário