FIM

Hering não terá mais fundadores em sua gestão

Thiago Hering deixa o cargo de CEO da empresa, algo inédito em 145 anos de história da marca.

05 de setembro de 2025 - 10:54
Fachada de uma das lojas Hering no Barra Shopping - Foto: Divulgação

Fachada de uma das lojas Hering no Barra Shopping - Foto: Divulgação

A Hering, uma das maiores marcas do setor da moda e vestuário, deixará de ter um integrante da família à frente da empresa a partir de outubro. 

O movimento acontece quatro anos após a companhia ser adquirida pelo Grupo Soma, em um negócio que envolveu, na época, o valor de R$ 5,1 bilhões, passando a ser controlada pela holding Azzas 2154, em uma fusão com a Arezzo&Co.

Neste jogo de cadeiras e controles, Thiago Hering, membro da família que ainda se mantinha como CEO da Unidade Basics do Azzas, onde estava a Hering, deixará a operação e o cargo de diretor estatutário no dia 1º de outubro.

Em seu lugar assumirá o executivo Gustavo Rudge Fonseca, que, junto à consultoria Heartman House, conduzirá o processo de transição durante 30 dias. Fonseca foi COO do Grupo Soma, tendo participado da integração com a Hering.

Segundo comunicado da empresa à imprensa, essa mudança segue uma série de alterações organizacionais no Azzas, com foco em objetivos de negócios a serem cumpridos.

Após a criação do Azzas, em 2024, a Hering registrou um crescimento de 8% na receita, chegando a R$ 2,8 bilhões. No primeiro semestre de 2025, atingiu uma receita de R$ 1,25 bilhão, um aumento de 12,9% sobre o mesmo período de 2024.

Dentro da nova estrutura, a Azzas 2154 abarca mais de 30 marcas de moda e lifestyle, entre elas Farm, Animale, Reserva, Schutz, Arezzo e outras.

Em 145 anos de história, a Hering nunca havia deixado de ter um membro da família na liderança da empresa. Thiago Hering foi o sexto integrante a estar no comando.

A Hering foi fundada em 1880, na cidade de Blumenau, Santa Catarina, pelos irmãos e imigrantes alemães Bruno e Hermann Hering.

A empresa nasceu como uma tecelagem que produzia roupas de baixo para homens, como meias e ceroulas, além das famosas camisas de algodão brancas, um dos símbolos da marca. Afinal, dificilmente um brasileiro não tinha uma peça dessas em seu guarda-roupa.

Com alta aceitação e qualidade dos produtos, a empresa começou a expandir, investiu em maquinário e, em 1915, já era considerada a maior malharia do Brasil.

Na década de 60, foi beneficiada pelo milagre econômico, expandiu fábricas e pontos de venda e iniciou a exportação de seus produtos para outros países.

A Hering construiu um legado na moda brasileira, tornou-se referência e tendência no país com o slogan “O básico do Brasil”, criado nos anos 90 pelo publicitário Washington Olivetto.

Hoje, a marca atende uma cartela de produtos dos “básicos que funcionam”, como jeans, camisas, camisetas, peças de linho e alfaiataria, voltadas ao público masculino e feminino, de todas as idades.

A Hering mantém na cidade de Blumenau um museu no marco zero de sua história, em uma das casas de estilo enxaimel, tradicional construção alemã que conta o legado da marca no país.

A família Hering continua como acionista da Azzas 2154, mas com participação minoritária e sem integrar o plano de controle da empresa.