A briga para abrir o governo de SP

Aproximar a administração pública da população fazendo uso das ferramentas de comunicação da web 2.0 pode parecer um caminho óbvio em um país de população jovem e cada dia mais conectada. Mas não é tão fácil quanto parece.
15 de dezembro de 2009 - 15:19
A briga para abrir o governo de SP
Aproximar a administração pública da população fazendo uso das ferramentas de comunicação da web 2.0 pode parecer um caminho óbvio em um país de população jovem e cada dia mais conectada. Mas não é tão fácil quanto parece.

Foi a mensagem que ficou da palestra do diretor do Grupo de Apoio Técnico à Inovação (GATI), no estado de São Paulo, Roberto Meize Agune, que esteve em Porto Alegre nesta terça-feira, 15, falando no 1º Seminário de Inovação em Governo Eletrônico, promovido pela Procergs.

Em São Paulo, a liberação do acesso de servidores públicos a redes sociais, sites de vídeos e outras ferramentas do gênero foi regulamentada por um decreto publicado pelo governador José Serra em janeiro – um entusiasta do Twitter, onde acumula 148 mil seguidores – mas ainda não “pegou” em toda a máquina pública.

“Muitos gestores de TI impedem a abertura argumentando razões de segurança, produtividade e largura de banda”, reclama Agune.

Para o paulista, os argumentos não se sustentam. “Há soluções para garantir a segurança e não está provado que a produtividade caia, necessariamente”, acredita.

Além dos entraves impostos pelos departamentos de TI, também complica a situação a média de idade dos 654 mil funcionários públicos do estado, na faixa dos 50 anos. A dificuldade tem sido contornada com programas de treinamento que já envolveram milhares de pessoas.

Para Agune, a abertura do governo nas redes sociais é uma forma de responder às demandas de interação de uma geração familiarizada com o meio digital – 57% dos paulistas têm menos de 34 anos – e manter sua legitimidade.

“Já vimos o que acontece quando o governo deixa de ocupar o espaço que lhe cabe. Alguém faz isso, para bem ou para mal”, compara o diretor do GATI.

Apesar das dificuldades, São Paulo segue sendo o estado mais avançado – há uma semana, o governo mineiro editou um decreto semelhante de Serra - no uso de ferramentas sociais por funcionários.

Talvez um dos casos mais chamativos seja a comunidade da Polícia Militar dentro do portal IgovSP, onde funcionários da administração pública podem compartilhar experiências em blogs, wikis, vídeos e podcasts.

A comunidade da PM, baseada em Ning, já conta com 2 mil policiais debatendo assuntos do dia-a-dia a da corporação. A cifra inclui desde soldados até o comandante da PM, Álvaro Camilo, responsável pela inauguração do espaço.

“Na questão da adoção das armas não letais, muitos soldados sabiam mais do que os encarregados da para a formulação dos manuais e deram contribuições importantes”, revela Agune. “Num ambiente tão hierarquizado como a PM, foi uma revolução”, completa.