VENDA DE APPS

Apple prepara corte nos lucros

08 de junho de 2015 - 10:01
Apple prepara mudanças no lucro com apps. Foto: divulgação.

Apple prepara mudanças no lucro com apps. Foto: divulgação.

A Apple está preparando uma reformulação significativa em seu sistema de cobrança para a veiculação de conteúdos digitais em suas plataformas, reduzindo o famoso percentual de 30% cobrado sobre as publishers.

Segundo informação do Financial Times, a criadora do iPhone está em tratativas com produtoras de mídia para mudar a política de cobrar 30% sobre os ganhos de vendas na iTunes e App Store, um formato que já dura mais de dez anos e virou padrão em outros marketplaces digitais, como o do Google e Amazon.

A princípio, a política deve contemplar a nova iteração da Apple TV - que vive uma disputa acirrada com produtos como o Fire TV, da Amazon, e Chromecast, do Google - e da Newstand, app de venda de revistas e jornais.

Para analistas, a mudança da Apple vem em uma hora importante, já que o mercado vive um momento em que diversas plataformas disputam espaço, oferecendo diferentes conteúdos como apps, vídeos e áudio.

"Ao mudar seus termos de negociação, a Apple pode aperfeiçoar a economia de conteúdos digitais e mostrar a reguladores que a empresa não está abusando de sua posição como dona de um dos mais lucrativos marketplaces digitais", afirmou Tim Bradhsaw, do FT.

Para ter uma ideia do quão lucrativa essa política é para a Apple, no ano passado a companhia pagou cerca de US$ 10 bilhões para as fornecedoras de conteúdo, o que em uma conta bruta daria cerca de US$ 4,5 bilhões para a Apple.

A mudança de postura da Apple vem no rastro da ameaça apresentada pelo Google, que registrou crescimento em seus ganhos na Google Play, ultrapassando incluive o faturamento da Apple.

Além disso, agora a Apple enfrenta concorrência em diversas outras plataformas, como o Facebook e até mesmo apps mais recentes como o Snapchat, que passou a investir na veiculação de conteúdos digitais para alavancar suas receitas.

Na parte de músicas, o modelo do iTunes está seriamente ameaçado por serviços como Deezer, Rdio e Spotify, que oferecem acesso à música mediante a cobrança de mensalidades.

Uma das manobras da Apple para se manter viva no mercado de música digital será o lançamento de uma plataforma de música por streaming, produto desenvolvido após a aquisição da Beats no ano passado.

No caso do mercado de música, caso a Apple queira fazer a diferença frente às gravadoras, analistas estimam que a empresa deve mudar seu percentual de cobrança para a penas 5%, uma medida que cortaria na carne para a empresa de Cupertino, mas causaria um impacto positivo ao mercado fonográfico.

Para especialistas, a medida pode ser difícil para a Apple, que perderia centenas de milhões a curto prazo, mas teria a possibilidade de usar o apoio de produtores de conteúdo para compensar este revés.

Além disso, segundo a Ericsson, o consumo de conteúdos em plataformas móveis (apps, vídeos, música, games) continua em um ritmo acelerado de crescimento, com uma expectativa de multiplicar por dez vezes em cerca de cinco anos.