Bom Gosto planeja salto na TI

A gaúcha Laticínios Bom Gosto, que vem chamando atenção no noticiário nacional nos últimos meses pelas aquisições em série – três nos últimos nove meses –, prepara uma virada na sua TI para 2009.
09 de abril de 2008 - 16:07
Bom Gosto planeja salto na TI
A gaúcha Laticínios Bom Gosto, que vem chamando atenção no noticiário nacional nos últimos meses pelas aquisições em série – três nos últimos nove meses –, prepara uma virada na sua TI para 2009.

Até lá deve ser escolhida uma ferramenta de gestão mais robusta para a companhia, que tem previsão de faturamento de R$ 800 milhões para este ano, mas ainda usa um sistema desenvolvido em Cobol por uma empresa de Sarandi, cidade próxima a Tapejara, localidade do interior gaúcho onde a Bom Gosto é sediada.

A empresa inclusive interrompeu uma implantação problemática do ERP da SAP na última compra, a mineira Laticínios Santa Rita. “Vamos integrá-la ao nosso sistema atual e depois migrar tudo”, resume o diretor presidente da Bom Gosto, Wilson Zanatta, que esteve em Porto Alegre palestrando no Tá na Mesa da Federasul nesta quarta-feira, 09.

O novo ERP é mais um passo nos planos da empresa para conduzir uma oferta pública de ações na Bolsa de Valores em 2010 e iniciar as exportações em 2009. Os balanços já passam por auditoria externa há três anos. A compra de concorrentes está sendo feita com apóio de dinheiro do BNDES, que comprou 23% da Bom Gosto em 2007.

Os possíveis candidatos a fornecedor do novo software de gestão vão encarar um negócio bastante complexo. A Bom Gosto trabalha com cerca de 12 mil produtores, espalhados por 123 municípios em seis estados. A distribuição é feita em 12 mil pontos, que incluem desde padarias até atacadistas, passando por redes de supermercados.

Segmento em expansão
Segundo Zanatta, todo o setor de laticínios brasileiro está em expansão, situação que deve criar demanda por sistemas mais sofisticados. “O leite até agora foi o patinho feio do agronegócio nacional, mas isso deve mudar”, resume o empresário.

De acordo com ele a América do Norte e Europa, que hoje concentram cerca de 60% da produção do planeta com fortes subsídios internos, não têm condições de atender a expansão da demanda mundial. “Só tem espaço para crescer aqui”, acredita Zanatta.

Hoje o Brasil detém o segundo maior rebanho leiteiro do mundo, com 20,8 milhões de vacas, mas a segunda pior produtividade, com 1,2 mil litros por cabeça ano. Dobrando a produtividade – que na Argentina fica na casa dos 4 mil litros, por exemplo - o país chegaria com facilidade entre os líderes.

Para cumprir a meta, a Bom Gosto vai investir R$ 8 milhões nos próximos anos para ceder máquinas de resfriação de leite mais modernas em regime de comodato aos seus fornecedores. Hoje, mais da metade do leite comprado ainda é resfriado nos tradicionais tarros, o que diminui a produtividade.