Como a Fórmula 1 continua relevante economicamente após períodos turbulentos

07 de janeiro de 2022 - 09:35
Como a Fórmula 1 continua relevante economicamente após períodos turbulentos

Muitos textos já foram feitos sobre problemas na Fórmula 1 para conquistar os mais jovens, sobre como a falta de competitividade prejudica a atenção dos fãs e até como a elitização de um esporte que sempre foi caro para disputar e organizar afasta as pessoas. Mesmo com todos os problemas, o campeonato de 2021 é o mais emocionante em anos e a Fórmula 1 foi vendida para o Liberty Media por 4,4 bilhões de dólares.

Como explicar isso? É possível que a Fórmula 1 volte a acelerar e conquiste o espaço que já teve em décadas anteriores?

Ainda é a elite do automobilismo

A discussão sobre se o automobilismo é um esporte é longa, mas o fato é que as corridas com os mais diversos veículos continuam tendo apaixonados pelo mundo inteiro. A temporada da Fórmula 1 roda o globo com corridas na Europa, Estados Unidos, Oriente Médio, Japão, China e Austrália (em anos normais, sem as limitações impostas pela pandemia).

A Fórmula 1 segue sendo a elite do automobilismo, já que outras categorias como Nascar e Formula Indy são mais restritas ao mercado americano. Uma reportagem da plataforma de apostas online Betway explicou o árduo processo para conquistar uma Super Licença, precisando passar por uma série de etapas em categorias inferiores e lutar por anos por uma das 20 vagas nas 10 construtoras.

Para se ter uma ideia, com as novas regras da Fórmula 1, segundo matéria publicada no Betway Insider, Ayrton Senna não teria conseguido uma Super Licença para entrar na categoria quando entrou (precisaria passar por outras categorias para somar mais pontos) e Michael Schumacher não poderia voltar para a Fórmula 1 em 2010, mesmo sendo o dono de sete títulos mundiais.

Ou seja, estamos falando de um grupo restrito correndo com máquinas ultramodernas e muito velozes nos circuitos mais incríveis do mundo. Para quem gosta de velocidade e automobilismo o encanto ainda existe.

Uma máquina de fazer dinheiro

A turnê mundial que a Fórmula 1 faz é uma máquina de gerar dinheiro, especialmente com a adição de circuitos e paradas no Oriente Médio para corridas em autódromos modernos. 

A queda em 2020 foi grande devido à pandemia, mas em 2019 as receitas da Fórmula 1 chegaram a 2,02 bilhões de dólares. Mesmo em 2021 e ainda enfrentando uma lenta retomada no “novo normal”, o chefe da Mercedes Toto Wolff afirmou que as 10 equipes devem ser lucrativas em breve devido a novas regras de divisão e cortes de custos. Em uma categoria onde construtoras abandonaram as corridas no meio por falta de dinheiro em muitas temporadas, esse dado é impressionante.

A cobrança para circuitos entrarem no calendário também ajuda nas receitas, mas a Fórmula 1 segue gerando dinheiro por causa do interesse de patrocinadores. Como o público que mais acompanha as corridas é um dos mais atraentes para o mercado publicitário e marcas de alto valor seguem ligadas à disputa, os valores negociados são gigantes.

Necessidade de competição

Previsibilidade é uma das piores coisas que existem nos esportes, onde o imponderável, o pequeno ganhando do grande e a surpresa sempre tem que ter seu espaço. Na Fórmula 1 esse ainda é um desafio.

Só duas equipes venceram desde 2010: a Red Bull venceu de 2010 a 2013 com Sebastian Vettel e a Mercedes de 2014 a 2020 com Lewis Hamilton e um título de Nico Rosberg em 2016. Neste ano isso não mudará: ou Hamilton ou Max Verstappen, da Red Bull, irão vencer.

Várias regras foram implantadas para tentar mudar isso, mas ainda não se alcançou o equilíbrio e alternativa de forças necessário para termos mais suspense e emoção. Depois de conseguir aumentar as fontes de receita da Fórmula 1 e trazer mais otimismo depois de um período menos empolgante.

Com maior equilíbrio podem surgir novos ídolos e gerar mais atenção para as disputas dentro dos variados circuitos ao redor do mundo, fazendo a roda girar. Veremos se a Fórmula 1 consegue resolver esse enorme desafio.