Exportação em tempos de crise

O câmbio favorece, mas a retração de demanda pode tornar complicada a vida do exportador de software. Esta é a opinião de André Limp, gestor de projetos de tecnologia da Apex Brasil que foi palestrante no Enesi 2008 nesta quinta-feira, 16.
16 de outubro de 2008 - 17:43
Exportação em tempos de crise
O câmbio favorece, mas a retração de demanda pode tornar complicada a vida do exportador de software. Esta é a opinião de André Limp, gestor de projetos de tecnologia da Apex Brasil que foi palestrante no Enesi 2008 nesta quinta-feira, 16.

"Tudo é muito recente e é difícil prever. Mas se falarmos em câmbio, o panorama está melhor para o exportador. Porém, os mercados hoje simplesmente pararam com seus projetos. Vários grandes clientes norte-americanos das nossas empresas deixaram seus projetos em stand by", afirmou ele em entrevista ao Baguete durante o evento.

O que fazer então? Limp indica possíveis estratégias.

"A diminuição dos preços cobrados pode ser uma forma de contornar a crise. Outra alternativa é mudar o modelo de oferta e diversificá-la, ou oferecer o mesmo serviço mais competitivo, de forma mais segmentada", destaca Limp. "Algumas empresas de ERP estão migrando para serviços de consultoria. Ou seja, não vender apenas a ferramenta é outra estratégia", comenta.

O gestor de projetos chama a atenção para a necessidade de as empresas brasileiras basearem seus serviços mais em expertise e menos em preços. Segundo Limp, o brasileiro tem muita flexibilidade e criatividade para gestão de crise e isto é algo a se oferecer em tempos de turbulência.  

Para completar, o executivo afirma que as empresas precisam analisar seu posicionamento no exterior verificando seus níveis de blindagem anti-crise.

Se a companhia está bem colocada, com bom planejamento, deve continuar buscando apoio junto à Apex e seguir no ritmo de crescimento buscando nichos diferenciados.

"Oferecer contratos, fornecimentos, produtos que não são tão competitivos mas que não são soluções muito engessadas como ERPs da SAP, por exemplo, pode se adequar melhor às empresas em tempos de crise", afirma.

Por outro lado, as pequenas também não podem interromper a internacionalização. Apenas devem manter uma estratégia conservadora. 

Durante a palestra apresentada nesta tarde, no ENESI, Limp afirmou que este é o momento de explorar novos nichos de serviço, uma vez que o mercado prevê pelo menos 18 meses de crise financeira norte-americana.

Imagem lá fora
Um dos objetivos da Apex é mostrar que o Brasil não é apenas samba e lazer, mas fornecedor de alta tecnologia. "O que marca as TICS brasileiras? Não temos uma cara definida. Esta é nossa principal preocupação, não ter identidade ou ser pouco reconhecida. É por isso que devemos encontrar um foco estratégico para as empresas brasileiras", afirma Limp.

Hoje o empresário faz tudo sozinho, de estande à apoio local, e ainda precisa gastar 80% de seu tempo desmistificando o país. Com os 20% de tempo restantes, apresenta a empresa.

Metas
Outro desafio, segundo Limp, é aumentar as exportações para US$ 3,5 bilhoes e gerar 100 mil novos empregos na área de TICS até 2010.

Em 2007, o país exportou US$ 71 milhões de dólaresem software.  Atualmente, o mercado brasileiro de TI está distribuído em hardware (42%), software (21%) e serviços (39%).

Propostas
Nesta fase de transição, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos pretende mapear oportunidades para mercados não convencionais como Polônia e Vietnã, por exemplo. Depois, organizar a estratégia de posicionameto nestes mercados, integrar mecanismos de apoio, estreitar foco para abrir mercados e consolidar mercados.

Além disso, a agência quer reafirmar conceitos de coletividade e continuidade. Agir como grupo para ter força.

"Um pavilhão brasileiro bem construído tem mais força que o estande de uma única empresa brasileira", pondera Limp. "Assim que se alavanca no mercado, tem-se a necessidade de continuidade", complementa.

Para o gestor, se você vai à uma feira japonesa em um ano e não segue nas próximas edições, gera uma inércia negativa muito grande. "Os executivos pensam que você quebrou ou desistiu", finaliza ele.