Clima dentro do Nubank não anda bom. Foto: Depositphotos.
Dois funcionários da área de tecnologia do Nubank foram demitidos por uma tentativa de sabotagem aos sistemas do banco digital.
O fato foi comunicado internamente pelo diretor de tecnologia, Eric Young, em uma mensagem pela rede corporativa Slack ao qual o Valor Econômico teve acesso.
"Por meio de nossas operações regulares de Segurança da Informação, detectamos que dois funcionários estavam planejando sabotar os sistemas internos. Agimos rapidamente para impedir que esses funcionários tomassem qualquer medida concreta em seu plano, utilizando nossas robustas defesas contra qualquer tipo de ameaça”, afirma Yang no texto.
O texto lembra ainda que ameaças ao sistema financeiro são um crime federal e recomenda que os funcionários utilizem o canal interno de denúncias anônimas se souberem que qualquer coisa nesse sentido.
Segundo Yang, os dois funcionários em questão foram denunciados às autoridades e o assunto não será comentado.
Yang não chega a entrar em detalhes sobre o que os funcionários estavam planejando, nem em qual seria a sua motivação. Neste último ponto, nem precisa.
O Nubank decidiu na semana passada mudar a sua política de trabalho remoto, tornando-se desde então o assunto número 1 em redes sociais como o Linkedin.
O banco digital era um dos últimos grandes bastiões do home office, com os funcionários precisando ir ao escritório trabalhar de forma presencial uma semana a cada três meses.
Agora, uma mudança gradativa determina que sejam três dias de trabalho em algum escritório por semana em 2027, o que é o arranjo híbrido padrão na maioria das empresas.
Como muitos funcionários do Nubank tinham organizado suas vidas em torno do sistema de trabalho remoto do banco (que a empresa, aliás, costumava vender como um atrativo para talentos) a gritaria foi grande.
A medida foi anunciada em uma videoconferência do CEO, David Vélez, depois da qual alguns funcionários demonstraram indignação, levando o Nubank a fazer 12 demissões por justa causa.
Em um comunicado distribuído aos funcionários, via Slack, ao qual o Valor teve acesso, o diretor de risco do Nubank, Henrique Fragelli, diz que os comentários no chat do Zoom foram "inaceitáveis" e que esse é "um canal corporativo que demanda comportamento profissional".
O Valor fala em "um linguajar agressivo e desrespeitoso, em alguns casos até com palavras de baixo calão".
ROLO
Os funcionários do Nubank podem ter se metido num grande rolo.
Como Yang disse na sua mensagem, uma tentativa de sabotagem de um banco é um crime federal.
A Lei nº 7.492/1986, que regula o assunto, define os crimes que atentam contra a integridade, estabilidade e credibilidade do sistema financeiro nacional, o que inclui bancos, corretoras, instituições de crédito e o próprio Banco Central.
Ela abrange fraudes, má gestão, operações ilegais, evasão de divisas, manipulação de dados e outros atos que possam comprometer o funcionamento do sistema financeiro, o que inclui por exemplo manipular dados, ou deixar os serviços indisponíveis.
Maurício Renner
Editor at Baguete Diário