O clube de compras de moda on-line Privalia, da Espanha, conseguiu seu primeiro resultado operacional positivo no Brasil em 2013, após cinco anos no país, de acordo com o Valor.
A Privalia encerrou o ano passado com faturamento global superior a € 460 milhões (cerca de R$ 1,4 bilhão). Antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda, na sigla em inglês), a varejista teve um ganho de € 17 milhões, revertendo uma perda de € 5 milhões no mesmo período do ano anterior.
Sem grandes concorrentes no segmento de outlet depois que o Brandsclub, do Buscapé, encerrou atividades no início do ano, a companhia encontra agora um caminho livre para melhorar sua rentabilidade no Brasil, que ainda é a menor entre todas as suas operações no mundo.
Segundo Fábio Bonfá, presidente da empresa no Brasil, todas as cinco operações da Privalia no mundo estão agora "no azul". Na prática, significa que a empresa não deve precisar mais de aportes de investidores para sustentar-se no do dia a dia.
Desde que estreou no Brasil, em 2008, a varejista recebeu cerca R$ 229 milhões em aportes.
Juntamente com a Espanha, o Brasil é líder entre os mercados da Privalia em número de pedidos. No entanto, a margem Ebitda aqui ainda está entre três e quatro vezes abaixo das reportadas nos demais países em que a empresa atua (Espanha, Alemanha, Itália e México).
Segundo o executivo, isso ocorre devido à complexidade tributária, mão de obra especializada mais cara e dificuldades logísticas em um país com dimensão continental.
No curto e médio prazo, nenhum desses fatores deve sofrer alterações. Para compensá-los, a Privalia está apostando no controle detalhado dos seus gastos.
As despesas com marketing, que tanto consomem recursos das empresas de comércio eletrônico, serão agora "apenas na quantidade necessária", diz Bonfá.
"Já passamos da fase de querer crescer a qualquer custo", afirma o executivo.
A execução da estratégia de crescimento sustentável da Privalia no Brasil ficou mais fácil depois que a Brandsclub, outlet on-line do Buscapé, encerrou as atividades em fevereiro.
"É mais fácil controlar os gastos com marketing quando você não tem um concorrente mais forte que está abrindo mão de margem para ganhar mercado. Como somos os maiores no nosso segmento, formatamos o mercado", afirma Bonfá.
Com os ganhos que apura no país, a Privalia está reinvestindo no negócio. O segundo centro de distribuição da empresa, inaugurado no ano passado em Jundiaí, está sendo ampliado. Além disso, a equipe da área de operações da companhia está sendo incrementada em 50%.
No total, a Privalia emprega 240 pessoas diretamente e possui mais 300 funcionários terceirizados no Brasil.
Na área comercial, a empresa está mudando a negociação com fornecedores para receber as coleções ofertadas no site antes de a venda ser concretizada pelo consumidor.
No modelo antigo, o estoque só era retirado da gestão dos grupos de moda após a Privalia realizar a venda, o deixava o prazo de entrega do produto superior a 25 dias. Com o modelo novo, o prazo deve cair para 10 dias.
A Privalia vende coleções passadas de grandes grupos de moda do país como Restoque e Arezzo, com descontos que vão de 55% a 70%.
Para Bonfá, o modelo de negócio da empresa tem ganhado força no Brasil à medida que, cada vez mais, as grandes varejistas percebem que a gestão dos estoques de coleções antigas impacta diretamente os seus resultados.
Júlia Merker
Repórter no Baguete Diário