VAREJO

RFID vai substituir o código de barras?

Entenda o que é mito e o que é realidade sobre essas tecnologias-chave.

26 de setembro de 2025 - 11:19
Denis Carvalho (Foto: Divulgação)

Denis Carvalho (Foto: Divulgação)

A tecnologia RFID (Identificação por Radiofrequência) vem ganhando espaço em diversas áreas — do varejo à logística, passando pela indústria, saúde e até segurança. Com sua capacidade de rastrear objetos, pessoas e animais de forma rápida, precisa e sem exigir linha de visão direta, muitos acreditam que o RFID está destinado a substituir completamente os códigos de barras.

Mas será que essa substituição é realmente inevitável? Ou estamos diante de mais um mito tecnológico?

O que torna o RFID tão promissor?

Diferente do código de barras tradicional, que depende da leitura visual (uma etiqueta que precisa estar visível para o leitor), o RFID utiliza ondas de rádio para transmitir informações entre uma etiqueta e um leitor. Isso permite que vários itens sejam identificados simultaneamente, mesmo sem estarem diretamente visíveis — uma vantagem significativa, especialmente em ambientes onde a agilidade e precisão são cruciais.

No varejo, por exemplo, o RFID tem revolucionado a gestão de estoques ao permitir inventários muito mais rápidos, redução de perdas e uma reposição mais eficiente. Grandes redes já utilizam a tecnologia para rastrear produtos em tempo real, com impactos diretos na redução de rupturas e na melhoria da experiência do consumidor.

No entanto, apesar dos avanços, ainda existe muita desinformação sobre o uso, o custo e a complexidade de implementação dessa tecnologia — especialmente entre pequenas e médias empresas.

Desmistificando o RFID: o que é verdade e o que não é?

A seguir, esclarecemos os principais equívocos sobre a tecnologia RFID e por que ela pode ser mais acessível do que se imagina:

Mito 1: RFID é só para grandes empresas

Realidade: Com a queda nos custos de etiquetas e leitores, hoje o RFID é uma opção viável também para pequenos negócios. Existem soluções simples, como leitores portáteis e etiquetas de baixo custo que podem ser impressas internamente. Não é necessário ter um sistema complexo para começar.

Mito 2: É preciso ter código de barras antes de adotar RFID

Realidade: O RFID pode ser implementado diretamente, sem qualquer infraestrutura de código de barras prévia. Empresas que desejam mais agilidade podem partir direto para o RFID ou até combinar as duas tecnologias.

Mito 3: RFID vai substituir os códigos de barras

Realidade: RFID e código de barras não são rivais — são complementares. Enquanto o RFID é excelente para leituras simultâneas e sem contato visual, o código de barras ainda é uma solução econômica e eficaz para diversas aplicações. Muitas empresas usam ambos em conjunto.

Mito 4: RFID sempre fornece dados em tempo real

Realidade: A leitura em tempo real só ocorre com leitores fixos estrategicamente posicionados. Caso contrário, os dados são atualizados apenas quando o item passa por um leitor. Por isso, é importante definir as necessidades do projeto antes da adoção.

Mito 5: RFID serve apenas para controle de estoque

Realidade: O RFID vai muito além do estoque. É utilizado para rastrear equipamentos, controlar acesso a áreas restritas, monitorar ativos em hospitais, gerenciar bagagens em aeroportos, entre muitas outras aplicações.

Mito 6: RFID compromete a privacidade

Realidade: As etiquetas RFID não funcionam como GPS. Elas só transmitem informações quando estão próximas de um leitor específico. Além disso, normalmente contêm apenas um número de identificação, interpretado apenas por sistemas autorizados.

Mito 7: RFID resolve todos os problemas de rastreamento

Realidade: RFID é uma ferramenta poderosa, mas não é solução mágica. Existem diferentes tipos (passivo, ativo, UWB) e é necessário escolher a tecnologia certa, de acordo com o ambiente e os objetivos do negócio.

Mito 8: RFID é 100% preciso

Realidade: A taxa de precisão pode ser altíssima (acima de 99,5%), mas não é infalível. Fatores como interferência de metais ou líquidos e a posição da etiqueta afetam a leitura. Testes de campo são fundamentais.

Mito 9: A transição para RFID é cara e complexa

Realidade: A adoção pode ser feita de forma gradual. É possível começar com poucos leitores e etiquetas impressas internamente, escalando conforme os resultados. O ROI tende a ser rápido, com a redução de perdas e aumento de produtividade.

Mito 10: Implementar RFID é difícil

Realidade: Hoje existem soluções intuitivas, fáceis de integrar aos sistemas existentes. Há também suporte especializado para ajudar na escolha de equipamentos, instalação e treinamento.

Conclusão: RFID é o futuro — mas não vai enterrar o código de barras

RFID não é apenas para empresas gigantes, nem é uma tecnologia cara e inacessível. Também não veio para destruir os códigos de barras, e sim para complementar e ampliar as possibilidades de rastreamento e gestão.

Para empresas de qualquer porte, o importante é entender que o RFID pode ser uma poderosa aliada na busca por mais eficiência, segurança e controle de processos. O segredo está em derrubar os mitos, avaliar as necessidades reais do negócio e buscar uma implementação alinhada à sua realidade operacional.

*Por Denis Carvalho, regional sales manager de Zebra Brasil.