Escândalo não abalou a Cisco

A crise vivida pela Cisco no ano passado, quando esteve nas manchetes devido a um suposto envolvimento na sonegação de quase R$ 1,5 bilhão em impostos junto à sua distribuidora Mude, não interferiu em nada nos resultados da multinacional no Brasil.

Pelo contrário: em 2007, a empresa cresceu, no país, 10% acima de sua meta (não divulgada), alcançando o dobro da expansão mundial da organização.
17 de junho de 2008 - 16:26
Escândalo não abalou a Cisco
A crise vivida pela Cisco no ano passado, quando esteve nas manchetes devido a um suposto envolvimento na sonegação de quase R$ 1,5 bilhão em impostos junto à sua distribuidora Mude, não interferiu em nada nos resultados da multinacional no Brasil.

Pelo contrário: em 2007, a empresa cresceu, no país, 10% acima de sua meta (não divulgada), alcançando o dobro da expansão mundial da organização.

É o que garante o diretor Regional de Vendas da empresa no Brasil, Rodrigo Dienstmann. “O cliente entendeu que a crise não foi conosco, mas com o canal de distribuição”, declarou o executivo, que participou nesta terça-feira, 03, do Meeting de Tecnologia da Federasul.

Segundo Dienstmann, o afastamento da Mude da rede de distribuidores da Cisco também não afetou os negócios. A empresa cedeu lugar à Ingram, que já atuava junto à fabricante norte-americana, e à Westcon. Além disso, outros dois canais de distribuição serão apresentados ao mercado brasileiro até o fim deste ano. Os nomes, porém, ainda são segredo.

Passada a crise, a Cisco quer mais é continuar crescendo. Para isso, a companhia de 60 mil funcionários espalhados por operações em 190 países investe em soluções “além da conectividade básica”, ou seja, do padrão roteador mais switch.

“Vamos focar mais o negócio do cliente, seguindo tendências não tecnológicas, mas sim sócio-econômicas que se apresentam atualmente no cenário brasileiro e mundial”, destacou Dienstmann.

De acordo com o executivo, entre estas tendências estão a necessidade cada vez maior de colaboração na gestão e execução de negócios, o nomadismo do trabalhador, o imediatismo exigido à comunicação e a criação de comunidades.

Conforme o diretor regional da Cisco, o objetivo é atender à crescente interação entre vida profissional e pessoal. O cidadão que sai de casa, deixa os filhos na escola, envia e-mails pelo blackberry de dentro do carro e segue para o escritório, terminando o dia na academia com um punhado de papéis na pasta para assinar à noite, novamente em casa, será o público alvo da empresa, portanto.

“Nossas soluções vão atender a este perfil, a esta necessidade”, destaca Dienstmann. “Até porque isso é imutável: quanto mais houver a convergência pessoal/profissional, o homme office, móbile office e outras coisas do gênero, mais reduzirão os custos das empresas. É uma tendência inescapável”, concluiu o executivo.

Respingos
Apesar da afirmação de Dienstmann de que a crise só envolveu a Mude, e não a Cisco, a fornecedora de soluções de telecomunicações também chegou a ser investigada na Operação Persona, conduzida pela Polícia Federal para desmantelar o suposto esquema de sonegação fiscal.

Na época – entre outubro e dezembro de 2007 -, chegaram a ser presos o ex-vice-presidente da Cisco para América Latina, Carlos Carnevali, que tinha sido demitido da companhia poucos dias antes da detenção.

Além de Carnevali, que foi o fundador da Cisco no Brasil, outros oito executivos, ligados à empresa e a outras companhias supostamente tidas como ''laranjas'' no esquema de fraude também foram presos.