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Globo traz nome de fora para o conselho

Novo nome foi CEO do Bank of America e está envolvido com tecnologia e fundos. Medida é inédita.

11 de julho de 2022 - 05:41
Globo se prepara para uma nova era.

Globo se prepara para uma nova era.

O Grupo Globo acaba de tomar uma decisão inédita, ao trazer um nome de fora da empresa para integrar o seu conselho de administração.

O escolhido foi Rodrigo Xavier, um veterano do mercado financeiro que foi sócio do Pactual e CEO do Bank of America no Brasil, e nos últimos tempos tem se envolvido com o universo de tecnologia, tendo fundado o badalado Brazil at Silicon Valley, uma conferência anual que reúne o mundo tech brasileiro em Stanford.

A medida é chamativa porque, nos seus quase 100 anos de história, a Globo só teve integrantes da família Marinho ou executivos de carreira no seu conselho de administração, agora com oito integrantes.

A Globo disse que pretende adicionar pelo menos mais um conselheiro independente em breve.

Na análise do Brazil Journal, a entrada de nomes de fora deve ajudar a Globo em uma “pauta extensa de decisões estratégicas”, incluindo a entrada em novos negócios, o debate da renovação da concessão, o cenário macroeconômico e as mudanças no ambiente político com o ciclo eleitoral deste ano.

Alguns observadores próximos das movimentações da Globo foram mais longe, cravando que a entrada de Xavier, hoje envolvido com grandes fundos de investimento, é uma sinalização de que a gigante de comunicação busca um novo sócio.

“Pra mim está claro que a Globo busca um sócio. E eu diria que não é um mero investidor, mas alguém que chegue para fortalecer a Globo na sua disputa contra os gigantes. Talvez até mesmo um desses gigantes”, apontou em um post no Facebook Gustavo Gindré, um ex-integrante do Comitê Gestor da Internet (CGI.br) e especialista no setor audiovisual que costuma comentar os movimentos da Globo.

Gindré cita a entrada do novo conselheiro como mais um passo na trajetória da Globo nos últimos anos, envolvendo simplificação da estrutura, terceirização da infraestrutura (por meio de um grande contrato com o Google Cloud), redução da dívida, cortes da folha de artistas e, principalmente, um grande investimento no GloboPlay, a oferta de streaming da emissora.

Na visão de Gindré, a Globo tem a convição que seus adversários não são Record ou SBT, mas Disney, Warner, Google, Facebook, Amazon, Apple e Netflix.

“Tudo parece indicar que a Globo está fazendo o dever de casa para valorizar o passe e negociar a entrada de um sócio estratégico”, prevê o analista.