
Há bastante espaço para atuar na área de tecnologia. “Neste campo, eles estão muito atrasados em relação ao Brasil. Tudo lá está sendo reconstruído, devido aos estragos causados pela guerra civil, e então há setores muito defasados. Desde a telefonia, toda a estrutura tecnológica é precária”, informa Luiz Cláudio Parzianello, diretor da Surya. Segundo o executivo, sua empresa ficará 15 dias em território angolano, onde visitará em torno de dez organizações para avaliar a demanda de composição do portal.
Parzianello destaca que não só a produção em Tecnologia deixa a desejar em Angola, mas também o conhecimento na área. “Por isso eles enviam muita gente para treinar no Brasil”, afirma. É o caso de um grupo de funcionários da mineradora angolana Endiama, que realizou um curso de gerenciamento em novembro passado na Sisnema, em Porto Alegre. Em 24 horas aula, técnicos da empresa aprenderam como manter sistemas de gestão de TI em operação mesmo em caso de perda de máquinas ou conteúdos.
Outra que tem fechado negócios no país africano é a Edusoft, de Blumenau, especializada em soluções de gestão acadêmica. A companhia, que estabeleceu para este ano a meta de manter o crescimento de 50% registrado em 2005, revela que tal marca foi alcançada no exercício anterior devido – em muito - a contratos internacionais. Entre os principais, um acordo fechado com uma rede de ensino angolana.
Também de Santa Catarina (Florianópolis), a Reivax Controle de Automação, instalada no ParqTec Alfa, é mais um dos exemplos. Em conjunto com a Rus Energo, da Rússia, e a Kharkovturboengenering, da Ucrânia, é responsável pela construção da hidrelétrica de Chicapa, localizada no rio do mesmo nome, há mil quilômetros de Ruanda. Na semana passada, a companhia recebeu uma equipe de russos, ucranianos e do governo angolano (foto) para conferir os trabalhos. “Eles vieram nos visitar para inspecionar os reguladores de geração e de velocidade que forneceremos para a usina. Vistoriaram e testaram tudo e saíram satisfeitos”, garante o engenheiro de Vendas Marcio Fidelis. “Com isso, já alinhavamos junto aos componentes do Consórcio parcerias para negócios futuros”, complementa.
“Negócios futuros” que parecem ser uma tendência: projetos brasileiros em Angola devem continuar pipocando, segundo avaliação de Fidelis e Parzianello. “É um país que está investindo forte em reconstrução e adotando muita tecnologia. Tudo, entretanto, é importado, o que nos abre espaço”, ressalta o engenheiro. “Estabelecer negócios lá não é só lucro, é também uma forma de ajudar”, acrescenta o diretor da Surya. “O Brasil usufruiu muito de Angola no período colonial, principalmente através do uso de escravos vindos de lá. Portanto, toda a contribuição que pudermos dar-lhes em um setor em que os superamos acho muito válida e necessária”, arremata.