
Humberto Shida, CIO da Unimed Nacional. Foto: Divulgação
A Unimed Nacional, sexta maior operadora de planos de saúde do país, migrou o seu software de gestão S/4 Hana, da SAP, para a Google Cloud, em um projeto que pode ter repercussões em outras unidades da cooperativa médica.
Com implementação da Evox, uma consultoria paulista especializada na marca, o projeto foi feito por meio do Rise with SAP, iniciativa da multinacional para acelerar a migração dos clientes para a nuvem.
A cooperativa já utilizava o ERP desde 2018, quando foi um dos projetos pilotos da SAP para o S/4 Hana no país, mas não tinha evoluído da primeira versão do sistema desde então.
“Isso gerava muitas restrições. Nós também tínhamos o antigo data center físico, só que ele já estava no limite. Então aproveitamos o momento e trabalhamos muito forte no estudo, acesso, planejamento e estruturação do que a gente precisaria para esse projeto”, conta Humberto Shida, CIO da Unimed Nacional.
No total, foram seis meses de estudo e três meses para a execução do projeto — incluindo tanto o upgrade de versão quanto a migração para a nuvem — além de mais um mês de operação assistida, um tempo bem menor do que o esperado.
“Todo mundo jogou de nove meses a dois anos de implantação. Mas como a Evox conhecia o nosso ambiente, falou especificamente o que precisávamos”, conta Shida.
Além disso, o CIO revela que conseguiu com a Google um funding acima do valor gasto com a implantação, gerando um saving financeiro. A empresa aproveitou, então, para ter um número de licenças acima do necessário e, com isso, ganhar elasticidade.
Com o projeto, a cooperativa avalia ter obtido economia e retorno de R$ 2,5 milhões em 2022, de R$ 6 milhões em 2023 e projeta R$ 9 milhões para 2024 com a aceleração da transformação nos processos de backoffice após a migração.
“Conseguimos também reduzir um downtime. Nós tivemos praticamente dois dias e meio de downtime no final de semana para uma migração dessa. Geralmente, é preciso quase uma semana de downtime”, compara Shida.
Outras questões também foram otimizadas com o projeto, como o fim do suporte da versão do Fiori, sistema de design SAP, e a até então subutilização do Guepardo, software da NTT Data que conecta o ERP com instituições financeiras.
Além dos três fornecedores da linha de frente (SAP, Evox e Google), outros 15 fizeram parte do processo por conta da integração com os sistemas legados. No total, foram mais de 100 pessoas envolvidas no projeto.
“Se eu não tivesse feito todo esse processo do RISE, eu não conseguiria evoluir todo o meu periférico. Então agora a gente está conseguindo avançar muito rápido em todos os aspectos. Também investimos muito numa plataforma de API robusta, que é da Axur, e estamos com um reaproveitamento de APIs muito forte”, explica Shida.
Agora, a cooperativa está trabalhando na parte de reconhecimento ótico de caracteres (OCR, na sigla em inglês) de notas fiscais.
Além disso, avalia potencializar o próprio ambiente do SAP RISE com algumas funcionalidades do processo de finanças e a ampliação da parte de SuccessFactors.
PROJETO SINERGIA
Outro passo que a Unimed Nacional está dando é o chamado Projeto Sinergia, um plano diretor de TI para o sistema Unimed em conjunto com a Seguros Unimed e a Unimed do Brasil.
A ideia é basicamente unir forças para negociar uma série de contratos a preços mais competitivos junto a fornecedores. Depois disso, dar acesso aos benefícios em um portal para todas as singulares — as Unimeds de cada região, que hoje são cerca de 340.
“Às vezes, uma Unimed singular menor não conseguiria essa precificação. A gente tem feito padronizações, criação de empresas e o SAP é mais uma frente. O Sinergia e a SAP já estão tendo conversas para tentar fechar exatamente um contrato que consiga acelerar dentro do sistema Unimed”, conta Shida.
Na prática, cada uma das singulares é uma empresa independente e é sócia da Unimed Nacional, a cooperativa de segundo grau.
Grandes clientes, como Santander, Itaú, Votorantim e Ambev, por exemplo, que têm funcionários em diferentes regiões, fecham contratos com a Unimed Nacional em vez de cada singular.
Já os beneficiários de singulares têm cobertura nacional por meio da Unimed Nacional.
Quem acaba fazendo todo esse processo de conexão, que soma cerca de 19 milhões de vidas, é a Unimed do Brasil. Esse fluxo passa principalmente pelos ERPs de saúde e não pelo backoffice, que é o caso da SAP.
Neste contexto, cada singular usa o ERP de backoffice da sua escolha. Alguns são de desenvolvimento interno, outros são de fornecedores. Hoje, apenas quatro delas têm algum módulo SAP. Na versão RISE, só estão a Unimed Nacional e a Unimed Porto Alegre.
“São muito poucas ainda, então existe um potencial. Vai ser para todas? Não. Porque nós temos Unimeds grandes, que vão ter porte, e Unimeds muito pequenas. Vai depender muito. É como um cardápio que vamos disponibilizar de acordo com o apetite, a estratégia e o momento de cada singular”, explica Shida.
Além do ERP de backoffice, o Sinergia pretende unificar o ERP de saúde (hoje são 24 softwares distintos dentro do Sistema Unimed), além de aproximar aspectos como conectividade, canais digitais, repositório de dados e migração para a nuvem.
Nos últimos 12 meses, a Unimed Nacional implementou um total de 212 projetos na área de tecnologia.
Com 25 anos de atuação, a cooperativa é responsável pela operação nacional dos planos de saúde da marca Unimed, compreendendo mais de 2,2 milhões de beneficiários.
Além disso, comercializa assistência médica com foco regional nas cidades de Salvador, Feira de Santana, Santo Antônio de Jesus, Itabuna e Ilhéus, na Bahia; Luziânia (GO); São Luís (MA); Brasília (DF); e São Paulo e ABC (SP).
A SAP é líder de mercado em software corporativo, com 87% das transações comerciais no mundo passando por algum de seus sistemas. Com 99 das 100 maiores empresas do mundo entre seus clientes, a companhia atende 25 setores do âmbito público e privado.
Hoje, mais de 7,9 mil clientes da multinacional alemã em 94 países são da área da saúde.
Já a Google Cloud tem clientes no Brasil como Globo, Eletrobras, GPA, Banco BV e Banco Mercantil. A plataforma registrou seu primeiro lucro no primeiro trimestre deste ano: US$ 191 milhões, ou 2,5% da receita da companhia no período, que foi de US$ 7,4 bilhões.