
Novos rumos no Google Cloud. Foto: Depositphotos.
O Google Cloud vai focar em empresas de médio porte, visando aumentar a lucratividade da empresa.
Pelo menos, é o que aponta o The Information, um site bem informado do Vale do Silício, que conversou com fontes de dentro do Google Cloud sobre o tema.
Nos últimos cinco anos, depois de trazer Thomas Kurian, um bam-bam-bam da Oracle, o Google Cloud vinha colocando o foco em fechar grandes negócios, em contratos de anos com empresas como o Deutsche Bank ou a gigante de software para empresas aéreas Sabre.
No Brasil, os contratos incluem nomes como Eletrobras, Globo e GPA, empresas que estão entre as maiores dos seus respectivos segmentos.
O problema, segundo o The Information é que o Google Cloud fecha contratos grandes, mas os clientes acabam migrando num ritmo mais lento do que o previsto, gerando por tabela menos receita.
No ano passado, o mesmo site revelou um caso especialmente escandaloso desse tipo.
O Google Cloud fechou um contrato de 10 anos com a Sabre em 2020, prevendo um investimento total de US$ 2 bilhões.
Uma empresa para lá de tradicional, com 60 anos de história, a Sabre deixaria para trás os mainframes e passaria a rodar seus sistemas no Google Cloud.
O problema é que, segundo o The Information, a empresa gastou apenas US$ 10 milhões nos 18 meses posteriores à assinatura do contrato, oito vezes menos do que o previsto pelo Google Cloud.
A culpa seria de resistências e entraves burocráticos internos na Sabre, um problema comum nos grandes clientes que o Google Cloud tinha na mira.
De acordo com o The Information, o Google Cloud acredita que muitas empresas médias ainda não fizeram investimentos significativos em computação na nuvem, além de serem clientes um pouco mais previsíveis.
Tendo isso em conta, os gerentes no Google Cloud estariam pressionando os times de venda para tentar fazer previsões de gasto mais rigorosas, visando ter uma ideia mais exata da receita vindo pela frente.
A receita do Google Cloud no último trimestre subiu 32% (um pouco abaixo dos 38% do trimestre anterior), para US$ 7,32 bilhões.
O problema é o prejuízo que o negócio gera, na casa dos US$ 480 milhões no mesmo período (ainda assim, a metade do rombo do mesmo trimestre do ano anterior).
NO BRASIL
O interessante é que a nova orientação no Google Cloud parece já ter chegado no Brasil, onde a empresa fez uma reorganização interna na semana passada.
Por um lado, o Google Cloud trocou o comando da sua área focada em suporte aos clientes, o Cloud Customer Experience, com dois nomes de peso vindos do mundo Microsoft.
Fernando Lemos, ex-VP para a área de Customer Success da Microsoft, assume a nova estrutura em nível latino americano.
Antes de entrar na Microsoft, em 2020, ele havia sido CIO na Natura, além de ter atuado por 10 anos na Oracle, onde chegou a VP na área de cloud.
O responsável pela estrutura no Brasil é Fernando Teixeira, um profissional com 18 anos de Accenture, que desde 2016 estava envolvido na área de nuvem da gigante de consultoria empresarial, sendo os últimos dois anos como head para o grupo focado em Microsoft.
Essa área vai além do suporte, focando também em atividades de consultoria, serviços e educação, o que, no conjunto da obra, deve ajudar os clientes grandes a gastarem mais (ou avançarem mais rapidamente nas suas jornadas para nuvem, para quem gosta de corporativês).
Outra mudança chamativa foi a sacudida do Google Cloud na estrutura do seu time comercial no Brasil, que passou a ser dividido em quatro frentes: grandes contas, verticais de indústria, nativos digitais e clientes regionais.
As novas áreas ficaram sob o comando de executivos que já estavam na equipe, tendo sido contratados nos últimos anos pelo Google Cloud junto dos grandes players de tecnologia para o segmento corporativo.
O interessante aqui é que das quatro novas áreas, três parecem ter como foco principal as tais empresas médias que a sede está colocando como alvo.