VALE DO SILÍCIO

Fundo britânico quer mais 30 mil demissões no Google

Em carta aberta, fundador pede que o corte chegue a 20% do total de funcionários.

26 de janeiro de 2023 - 10:15
Bilionário britânico não aprova Alphabet ter um dos salários mais altos do Vale do Silício (Foto: Depositphotos)

Bilionário britânico não aprova Alphabet ter um dos salários mais altos do Vale do Silício (Foto: Depositphotos)

O Google deveria demitir cerca de mais 30 mil funcionários, reduzindo sua equipe aos níveis do final de 2021, através de um corte de 20% frente ao quadro de colaboradores registrado no começo deste ano.

Quem opina é Christopher Hohn, fundador do fundo de cobertura TCI Management, em uma carta aberta destinada a Sundar Pichai, CEO do Google e da Alphabet. A publicação foi feita na última sexta-feira, 20, mesmo dia em que a bigtech anunciou uma demissão em massa.

Segundo Hohn, o corte recente de 12 mil profissionais, cerca de 6,4% do total, foi “um passo na direção certa”, mas ainda insuficiente para colocar a empresa no rumo ideal.

Para o dono de cerca de US$ 6 bilhões em ações do Google, a meta da companhia deveria ser chegar a 150 mil funcionários, o mesmo número que tinha no final de 2021.

“A força de trabalho da Alphabet cresceu além do necessário operacionalmente”, avalia Hohn, destacando que, nos últimos cinco anos, a holding mais do que dobrou seu número de colaboradores.

Mais de 100 mil pessoas foram contratadas, sendo que 30 mil passaram a compor o time da companhia apenas nos primeiros nove meses do ano passado.

Em 2019, a empresa tinha 118 mil colaboradores, número que saltou para 156 mil em 2021, alta de 32%. De lá para cá, ainda houve um aumento para 174 mil (11%) antes dos cortes recentes.

Adicionalmente, Hohn sugeriu que a americana aja sobre o que considera a “compensação excessiva” de seus funcionários, fazendo referência à média de salários da Alphabet em 2021, que chegava a US$ 300 mil, um dos mais altos do Vale do Silício.

“A competição por talento na indústria de tecnologia caiu significativamente, permitindo que a Alphabet reduzisse materialmente a compensação por pessoa. Em particular, deveria limitar remunerações baseadas em ações diante da queda do preço dos papéis da companhia”, propôs Hohn.

Em novembro de 2022, o britânico havia contatado o CEO da Google por meio de outra carta formal, na qual abordava a alta base de custos da Alphabet que exigia “ações agressivas”.

Na época, o bilionário já questionava a quantidade de funcionários e o alto custo por colaborador da Alphabet, sugerindo que a direção da companhia deveria “divulgar publicamente uma margem-alvo de EBIT, reduzir substancialmente as perdas em outras apostas e aumentar a recompra de ações”.

Um de seus argumentos é que a ferramenta de buscas do Google registrou alta de 18% em gastos no comparativo ano a ano durante o terceiro trimestre de 2022, enquanto a receita cresceu apenas 6%.

Criado em 2003, o TCI Fund Management tem sido um grande acionista da Alphabet desde 2017.

APOCALIPSE TECH

O layoff recente do Google aconteceu dois dias após a Microsoft anunciar que iria demitir até o final de março cerca de 10 mil funcionários, quase 5% de um total de 221 mil colaboradores globais.

Outras grandes companhias também passaram a fazer demissões em massa nos últimos meses. 

No início deste ano, a Salesforce anunciou que irá demitir 7 mil funcionários pelo mundo, algo próximo de 10% da sua força total de trabalho.

De acordo com os planos apresentados para o US Securities and Exchange Commission, o órgão regulador da bolsa de valores americana, a gigante de CRM vai também fechar escritórios e reduzir o espaço alugado em “alguns mercados”.

O plano deve custar entre US$ 1,4 bilhão e US$ 2,1 bilhões e tem por objetivo reduzir custos operacionais e melhorar as margens de lucro.

Em novembro, a Meta, dona do Facebook, WhatsApp e Instagram, demitiu mais de 11 mil funcionários — o maior corte da sua história, reduzindo seu quadro de trabalhadores em 13%.

No mesmo mês, foi a vez do Twitter, recém comprado por Elon Musk, que começou a fazer cortes na companhia — podendo chegar a mais de 50% dos 7,5 mil colaboradores — e da Amazon, que fez um corte de equipe que atingiu cerca de 10 mil pessoas, quase 3% de sua força de trabalho.