
Cordell Hardy, VP sênior de operações corporativas de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da 3M. Foto: Divulgação
A gigante industrial 3M abriu um centro de pesquisa e desenvolvimento em Manaus para estudar insumos naturais, reciclagem e redução de plástico na empresa.
O foco, segundo o Valor Econômico, é o estudo de materiais poliméricos da região, para substituir os sintéticos, e a pesquisa de insumos, como óleos e fibras naturais, além da reciclagem dos materiais e sua incorporação em produtos.
Para Paulo Gandolfi, diretor de P&D da 3M na América Latina, em Manaus o “foco será buscar especialistas em química, ciência, engenharia de materiais e áreas correlatas, com prévios conhecimentos em reciclagem e em fontes de materiais renováveis da Amazônia”.
O valor do investimento feito no local não foi divulgado. A ideia é firmar parcerias com cooperativas e organizações do segmento e começar a contratar funcionários ainda neste mês.
Em 2024, a expectativa é ter entre cinco e 10 pessoas dedicadas ao centro de pesquisa.
“O Brasil é um lugar ideal para fazer um investimento como esse por sua vocação histórica e foco em sustentabilidade. Tem uma grande variedade de materiais renováveis e recicláveis disponíveis localmente”, diz Cordell Hardy, vice-presidente sênior de operações corporativas de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da 3M, ao Valor Econômico.
O novo centro da empresa terá um laboratório e ficará dentro da fábrica que a 3M já possui na capital, a qual produz fitas adesivas, materiais de segurança do trabalho e componentes para a indústria automotiva, respondendo ao centro de inovação da sede da companhia, em Minnesota.
Conforme Hardy, a ideia do centro é desenvolver materiais renováveis à base de óleos e fibras naturais que possam ser incorporados na produção de adesivos, fitas, sistemas de polimento, injeção de plástico e embalagens sustentáveis.
O centro também tem o objetivo de melhorar a capacidade de reciclagem, reduzir a utilização de plástico e estudar o uso de outros materiais reciclados, desenvolvendo produtos que durem mais tempo e usem menos material.
“Temos o foco de eliminar o uso de plástico na composição dos produtos através da substituição por outros materiais, renováveis. Aqui [no Brasil] vocês têm acesso a uma vasta gama de materiais de base biológica, incluindo celulose, que pode ser usada para uma gama mais ampla de propósitos hoje do que tenhamos, talvez, usado no passado”, diz Hardy.
EXPANSÃO
Para o mercado brasileiro, a companhia estuda trazer o Passive Radiative Cooling Film (PRCF), produto que diminui a absorção de luz e calor do sol e resfria os objetos que reveste.
O PRCF é uma evolução de outro produto da empresa, que só reflete calor.
Além de trazê-lo para o país, Gandolfi diz que há a possibilidade de o produto ser também fabricado no Brasil, em uma das duas fábricas de São Paulo.
Em Manaus, a 3M também prevê uma expansão do centro de reciclagem da fábrica.
Fundada em 1902, a 3M atua em seis grandes mercados: Indústria e Transporte; Saúde; Consumo e Escritório; Segurança; Produtos Elétricos e Comunicação; Controle de Tráfego e Comunicação Visual.
Desde 2019, a 3M comprometeu-se a incorporar aspectos sustentáveis no desenvolvimento de novos produtos. Em suas metas de sustentabilidade, o objetivo principal é reduzir as emissões de carbono e entregar produtos mais sustentáveis.
Em 2021, a empresa investiu US$ 1 bilhão para avançar na neutralidade de carbono, redução de uso da água e aumento da sustentabilidade do portfólio.
No ano passado, a 3M atingiu 43% da meta de reduzir em 57 milhões de quilos o plástico virgem de origem fóssil até 2025.