HERMANOS

Argentina não consegue pagar licenças de software

Como empresas não têm acesso a dólar, serviços podem ser cortados.

06 de outubro de 2023 - 05:37
Situação é complexa na Argentina. Foto: Depositphotos.

Situação é complexa na Argentina. Foto: Depositphotos.

Empresas na Argentina estão passando apertos para pagar licenças de software de multinacionais, com muitas delas optando por parar os pagamentos na expectativa de mudanças na política do governo sobre o assunto.

Ainda em abril, o governo argentino passou a exigir que empresas que queiram pagar licenças de software obtenham uma autorização para fazê-lo.

Pela nova medida, pagar uma licença de software para uma empresa no exterior é a mesma coisa que importar um serviço. 

A ideia, como em outras medidas do tipo, é diminuir a demanda por dólares dentro da Argentina, estabilizando assim o câmbio. Talvez por isso mesmo, poucas empresas obtiveram a tal autorização.

A autorização é necessária para comprar dólares, ou para usar os próprios dólares, o que torna a situação uma autêntica sinuca de bico, para usar um termo técnico.  

Obter dólares na Argentina já era complicado nos últimos anos. Muitas empresas contornaram o problema criando cartões de crédito no exterior para pagar as licenças, ou fazendo os pagamentos por subsidiárias no exterior. 

Agora, o governo também tomou medidas para bloquear esses atalhos. 

Um problema adicional é que os grandes players internacionais de tecnologia se negam a aceitar pagamentos em pesos argentinos, uma moeda instável e com grande diferença de cotação entre o mercado negro e o oficial.

Segundo fontes ouvidas pelo site espanhol Infobae, as multinacionais de software estão perdendo a paciência e deixando de aceitar atrasos no pagamento de licenças. 

A Câmara Argentina de Internet (Cabase), uma entidade empresarial que reúne provedores de acesso a Internet e empresas de data center, pediu recentemente para o governo remover as restrições.

Segundo a Cabase, os problemas para ter acesso ao dólar estão “limitando a operacionalidade das empresas” e “põem em risco a atividade do setor”. 

“Há serviços que já estão cortados e outros que vão ser cortados por falta de pagamento para o estrangeiro”, resume Ariel Graizer, o presidente da Cabase.

Graizer alerta para uma “degradação dos serviços de Internet” no país, pelo impacto em “serviços e aplicações vitais para a economia da Argentina”.