
Situação é complexa na Argentina. Foto: Depositphotos.
Empresas na Argentina estão passando apertos para pagar licenças de software de multinacionais, com muitas delas optando por parar os pagamentos na expectativa de mudanças na política do governo sobre o assunto.
Ainda em abril, o governo argentino passou a exigir que empresas que queiram pagar licenças de software obtenham uma autorização para fazê-lo.
Pela nova medida, pagar uma licença de software para uma empresa no exterior é a mesma coisa que importar um serviço.
A ideia, como em outras medidas do tipo, é diminuir a demanda por dólares dentro da Argentina, estabilizando assim o câmbio. Talvez por isso mesmo, poucas empresas obtiveram a tal autorização.
A autorização é necessária para comprar dólares, ou para usar os próprios dólares, o que torna a situação uma autêntica sinuca de bico, para usar um termo técnico.
Obter dólares na Argentina já era complicado nos últimos anos. Muitas empresas contornaram o problema criando cartões de crédito no exterior para pagar as licenças, ou fazendo os pagamentos por subsidiárias no exterior.
Agora, o governo também tomou medidas para bloquear esses atalhos.
Um problema adicional é que os grandes players internacionais de tecnologia se negam a aceitar pagamentos em pesos argentinos, uma moeda instável e com grande diferença de cotação entre o mercado negro e o oficial.
Segundo fontes ouvidas pelo site espanhol Infobae, as multinacionais de software estão perdendo a paciência e deixando de aceitar atrasos no pagamento de licenças.
A Câmara Argentina de Internet (Cabase), uma entidade empresarial que reúne provedores de acesso a Internet e empresas de data center, pediu recentemente para o governo remover as restrições.
Segundo a Cabase, os problemas para ter acesso ao dólar estão “limitando a operacionalidade das empresas” e “põem em risco a atividade do setor”.
“Há serviços que já estão cortados e outros que vão ser cortados por falta de pagamento para o estrangeiro”, resume Ariel Graizer, o presidente da Cabase.
Graizer alerta para uma “degradação dos serviços de Internet” no país, pelo impacto em “serviços e aplicações vitais para a economia da Argentina”.