Henrique de Campos Junior, gerente de Market & Business Intelligence da Marco Consultora
Os brasileiros são os consumidores da América Latina com mais poder de compra de computadores, notebooks e netbooks, segundo uma pesquisa realizada pela Marco Consultora no Brasil, Chile, Colômbia e México.
Conforme o levantamento "Índice Marco Gap Digital", o Brasil tem se consolidado como o país da América Latina com melhor acesso à tecnologia: o brasileiro precisa de 1,37 salário para comprar um PC, ou 1,81 salário para um notebook, os menores patamares registrados entre os locais pesquisados.
Já para adquirir um netbook, o consumidor do país precisa de 0,83 salário - índice maior que o do Chile (0,83) e igual ao da Colômbia.
A pesquisa utilizou como base o salário médio fornecido pelo IBGE, de R$ 1.350,33.
Desde o primeiro estudo desta série, realizado em outubro de 2004, o Brasil vem melhorando sua situação. Por exemplo, em março de 2007, eram necessários 3,5 salários para comprar um notebook. Já na edição de 2009 da pesquisa, para adquirir um PC era preciso 1,91 salário.
"Os números refletem o avanço do poder de compra do brasileiro - quase 15% nos últimos sete anos”, afirma Henrique de Campos Junior, gerente de Market & Business Intelligence da Marco Consultora. “Vale ressaltar que o salário médio brasileiro é o mais alto entre os cinco países pesquisados, e o argentino, o mais baixo - 61% inferior ao nosso”, complementa.
Segundo ele, o aumento de poder de compra nominal e a valorização do Real perante o Dólar tornaram os equipamentos eletrônicos em geral, em especial os computadores, mais acessíveis ao consumidor brasileiro ao longo dos anos.
“Quando comparada com os demais países da América Latina, que sofreram mais com a crise do ano passado, a situação fica ainda mais favorável para nós", comenta Campos Junior.
Entretanto, o especialista ressalta que isso não significa que os equipamentos sejam mais baratos no país: questões tributárias fazem com que eles sejam mais caros em termos absolutos.
“Nós só estamos tendo melhores condições para comprá-los", enfatiza.
Em relação aos outros países pesquisados, o Chile foi o que mais se manteve equilibrado desde o início do estudo, com uma quantidade baixa de salários necessários para comprar um computador (1,55 para um PC, 2,01 para um notebook e 0,83 para um netbook).
A Argentina sempre teve os índices mais altos, como 5 salários para compra de um notebook em 2007 e 3,6 para um PC em maio de 2009. Hoje, porém, está mais próxima da média dos demais países (2,16 para um PC e 2,75 para um notebook).
Já o México é o país com pior desempenho na pesquisa: ano após ano, a quantidade de salários necessários para comprar um computador vem aumentando e, atualmente, é mais caro comprar um notebook (2,7 salários) do que em 2007 (1,5).
A Colômbia possui uma situação muito particular. Ao mesmo tempo em que a média salarial é a mais baixa, possui os menores preços, o que não garante índices baixos (1,73 para PC, 2,16 para notebook e 0,89 para netbook).
Marcas locais se fortaleceram
Nesta edição da pesquisa, a Marco Consultora também notou o fortalecimento das marcas locais de produtos tecnológicos.
“A competitividade no mercado está mais acirrada e todos os fabricantes perceberam isso. De um lado, as marcas locais tiveram de melhorar a qualidade de seus produtos para manter suas presenças em vendas. De outro, os fabricantes globais tiveram de tornar seus produtos mais baratos para competir com os fabricantes locais”, explica Campous Junior.
Metodologia
Para obtenção dos resultados, foram considerados os valores dos salários em dólares, fornecidos por institutos oficiais de cada país.
Os preços dos PCs, notebooks e netbooks foram obtidos dos principais revendedores de cada país, com base numa média calculada entre cinco cotações diferentes.
A configuração das máquinas consultadas foi:
Processadores:
PC: Intel Core 2 Duo, 2000 GHz
Notebook: Intel Core 2 Do M, 2000 GHz
Netbook: ATOM N270
HDs:
PC: 320 GB, 4 GB RAM
Notebook: 320 GB, 4 GB RAM
Netbook: 160 GB, 1 GB RAM
Sistema operacional: Windows 7 Home Premium e Starter
Monitor: 23 polegadas flat
Quem assina
A Marco Consultora é especializada em desenvolvimento e implementação de serviços de marketing sob medida.
A empresa possui mais de 1,7 mil profissionais na América Latina e escritórios na Argentina, Brasil, Chile, México, Uruguai e Paraguai.
Entre os clientes estão empresas como Microsoft, Intel, Samsung, Nokia, Lexmark e Toshiba, entre outras.
Gláucia Civa Kirch
Sócia Diretora da Capital Informação