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Captable cria mercado para cotas

Investidores agora podem vender suas participações em startups dentro da plataforma.

15 de julho de 2022 - 10:18
Paulo Deitos, cofundador da Captable.

Paulo Deitos, cofundador da Captable.

A Captable, a maior plataforma de investimento em startups em atuação no país, acaba de criar a possibilidade dos investidores passarem suas participações adiante.

Ou, para usar a linguagem do mundo de investimentos, a empresa de equity crowdfunding acaba de criar um mercado subsequente.

De acordo com a Captable, trata-se da primeira iniciativa do gênero do Brasil.

A novidade foi possibilitada pela entrada em vigor de uma nova regulamentação da CVM, então o provável é que mais empresas nesse nicho façam a mesma coisa.

“Com a criação do Captable Marketplace, os investidores poderão negociar de forma mais rápida e simples suas cotas de investimentos em startups. Isso trará mais liquidez para esta modalidade de investimentos, uma das principais dores do mercado”, afirma Paulo Deitos, cofundador da Captable.  

Desde a fundação da Captable, em 2019, 6 mil investidores individuais colocaram R$ 67 milhões em 50 startups que captaram recursos na plataforma, com aportes começando em R$ 1 mil.

O modelo de negócio das plataformas de equity crowdfunding é que esse investidor seja remunerado na medida em que as startups nas quais eles têm participação forem recebendo novos aportes, ou até mesmo sejam compradas na totalidade por grandes empresas.

“Nosso foco é atrair investidores que têm a visão que investir nesta modalidade pode trazer ganhos que nenhuma outra disponível no mercado é capaz de ofertar. Basta imaginar quanto tiveram de retorno os primeiros que investiram no estágio inicial de startups como 99, iFood e outros”, aponta Deitos.

O problema é que investidores de maior porte perderam o apetite com a situação macroeconômica, diminuindo o ritmo de todo o fluxo, a e as chances de ganhar uma bolada.

O valor total investido em startups no Brasil levou um tombo no primeiro semestre do ano, caindo 44%, para um total de US$ 2,92 bilhões ao longo de 327 transações. No mesmo período do ano passado, foram US$ 5,26 bilhões em 416 deals, segundo dados da Distrito.

O Captable Marketplace oferece uma porta de saída para os investidores, mas os efeitos devem ser limitados, porque não se trata de um mercado aberto.

Isso porque, de acordo com a regulação da CVM, só podem negociar dentro da plataforma os chamados “investidores ativos”, ou seja, aqueles que participaram de rodadas de captação dentro da plataforma nos últimos 24 meses.

A projeção da plataforma é que inicialmente cerca de 30% de sua base de investidores utilize o marketplace e que este número varie de acordo com as cotas de investimentos que serão oferecidas no espaço para negociação. 

O Captable Marketplace também não deve servir como uma bolsa de valores informal, mostrando abertamente por quanto estão sendo vendidas participações nas startups. 

Só os investidores ativos têm acesso à plataforma, na qual as informações de valores de compra e venda não ficam expostas publicamente, o que impede a criação de “cotações”.