CARREIRA

Defender home office é causa de demissão?

Posts em redes sociais sobre trabalhar em casa estão gerando problemas.

05 de setembro de 2025 - 05:35
Se você está num trem lotado, não poste. Foto: Depositphotos.

Se você está num trem lotado, não poste. Foto: Depositphotos.

Um post numa rede social defendendo o home office, quando o empregador usa o modelo presencial, é motivo para causar demissão?

Parece que, pelo menos em alguns casos, sim.

O G1 publicou uma extensa matéria sobre o assunto trazendo o caso de dois funcionários que afirmam ter sido demitidos por defender o home office. 

Um dos casos é o de Wanderley Bueno, então coordenador de segurança da informação, que postou uma foto de um trem lotado em São Paulo com um texto crítico ao modelo presencial.  

"Ainda tem gente que defende o presencial. Enquanto eu estou aqui, passando por isso, muitos gerentes vão para casa dentro de suas SUVs, com ar-condicionado, tranquilos", disse Bueno.

Bueno fazia jornadas diárias de até 13 horas, era acionado fora do expediente e ainda precisava se deslocar diariamente entre Itaquera e o centro de São Paulo para trabalhar, um deslocamento de 50 minutos com transbordos em algumas das estações mais movimentadas da cidade.

Segundo o profissional contou para o G1, o post foi repassado por colegas para a diretoria e Bueno acabou afastado de reuniões, perdeu espaço na liderança e, um mês e meio depois, acabou demitido.

O outro caso narrado pelo G1 também tem como cenário um trem lotado em São Paulo (inegavelmente, um momento para pensar na vida).

Jenifer Matias, uma especialista em gestão de risco e compliance, ficou presa por quase 4h no metrô durante um incidente na linha. 

Sem ar-condicionado e com pessoas passando mal ao redor, pensou no quanto tudo aquilo poderia ser evitado com o trabalho remoto. E escreveu sobre isso no LinkedIn.

O G1 não chega a compartilhar o texto da postagem, mas Matias afirma que ela era “respeitosa” e não citava o nome do empregador (também é verdade que no Linkedin essa informação é muito fácil de obter).

Pelo que Matias contou ao G1, foram feitos alertas informais e finalmente veio a demissão, com a alegação de que a profissional tenha “quebrado a confiança” e estava “insatisfeita com a empresa”.

“Fui demitida por expressar uma opinião que todos partilhavam, inclusive a própria gerente", conta Matias.