
Rodrigo Bocchi, sócio majoritário da Delfia. Foto: divulgação.
A Econocom Brasil, consultoria de soluções digitais que até então fazia parte do grupo francês Econocom, foi adquirida por Rodrigo Bocchi, CEO da empresa desde 2018, e agora se chama Delfia.
A transação, cujo valor não foi revelado pelas partes, marca uma nova fase para a companhia, que teve uma trajetória agitada no Brasil.
A semente da atual Delfia foi a Interadapt, uma empresa brasileira focada em práticas de ITSM e Service Desk fundada ainda em 2002.
Cerca de 10 anos depois, a Interadapt recebeu um investimento da Osiatis, uma francesa com faturamento de € 600 milhões especializada em manutenção de equipamentos dentro de data centers, em troca de 20% do seu capital.
Logo depois, em 2013, a própria Osiatis foi adquirida pelo grupo Econocom, uma outra companhia francesa, na época focada em leasing de equipamentos para o mercado B2B e com planos de entrar mais forte na área de tecnologia.
Junto com a Osiatis, a Econocom comprou 100% das ações da então Interadapt, que mudou de nome para Econocom Brasil no ano seguinte.
Na época, Bocchi já ocupava a posição de Chief Financial Officer (CFO) da empresa e, em 2018, assumiu como CEO.
A venda da operação brasileira para Bocchi é consequência de uma decisão da Econocom em 2020, quando a francesa decidiu focar apenas em cinco territórios europeus: França, Itália, Bélgica, Reino Unido e Espanha.
Com isso, as operações do Norte da África, do Leste Europeu e das Américas ficaram disponíveis.
Bocchi conta que, na época, chegou a apresentar a companhia para alguns fundos e players de mercado, em meio às turbulências do começo da pandemia do coronavírus.
“Foi justamente naquele primeiro semestre de muita incerteza comercial. A gente fez algumas rodadas, a empresa gerou interesse de mercado e eu, também enxergando o seu potencial, conhecendo bem os riscos, fiz uma oferta de compra da operação brasileira para o grupo Econocom”, conta o executivo.
Depois das negociações, o acordo foi fechado só em setembro de 2021. No início com 100% das ações, Bocchi hoje detém 85% do capital.
Os outros 15% são de Paulo Alonso, atual diretor de operações da consultoria, que posteriormente injetou capital para participar do quadro societário.
A partir da compra, a empresa tinha o direito de utilizar a marca Econocom Brasil até dezembro de 2022.
Se antecipando à data final, Bocchi lançou a Delfia, com a perspectiva de investir R$ 50 milhões em três anos.
O valor deve ser aplicado em três frentes: o desenvolvimento de uma universidade corporativa, a expansão geográfica e o investimento em startups.
“Existe uma grande demanda global por mão de obra especializada e, para a gente como empresa, é super importante disseminar o conhecimento e propiciar essa condição para o nosso público crescer na carreira”, destaca Bocchi.
Em relação à expansão geográfica, a Delfia já abriu três subsidiárias: uma na Colômbia, outra no México e outra nos Estados Unidos. As duas primeiras já somam sete clientes.
Segundo o CEO, o objetivo é replicar nessas novas regiões o modo de trabalho e expertise técnica, especialmente em observabilidade de dados e cibersegurança.
“A gente entende que tem total condição de também fornecer mão de obra, serviços qualificados e sustentação para essas ferramentas no mercado americano que, apesar de ser mais maduro, também sofre com mão de obra. Podemos ser muito competitivos do ponto de vista de eficiência técnica e até de custos”, destaca Bocchi.
Quanto às startups, o executivo conta que está olhando para o mercado, especialmente nas áreas de observabilidade de dados, monitoração de dados e cibersegurança, para levar essas tecnologias para dentro da Delfia e trabalhar na sua aceleração.
Hoje, a companhia atua em três frentes de soluções: Full-Stack Observability, com os parceiros Datadog, AppDynamics, Harness, Solarwinds e Splunk; Secure Digital Transformation, com Zscaler, DarkTrace, Fortinet, Sentinel One, Netscout e CrowdStrike; e Professional Service, com Zabbix, Atlassian, AWS e Cisco.
Como reforço, a Delfia recentemente trouxe de volta o antigo Chief Technology Officer (CTO) Alex Camargo, que já havia ocupado o cargo entre 2018 e 2020.
O CEO Bocchi tem um background voltado para a área financeira, com formação em contabilidade. Antes da Interadapt/Econocom/Delfia, passou por companhias como ABN AMRO, Ernst & Young e Light.
Paulo Alonso, o sócio minoritário e COO, é engenheiro e está na empresa desde 2018. Com mais de 20 anos de experiência em operações de tecnologia, passou por experiências como Grupo Genas, Vetti Technology e Neeps Technology.
Para 2022, a Delfia projeta um faturamento de RS 160 milhões. A companhia vem em um ritmo de crescimento orgânico. Em 2020, a receita foi de R$ 66 milhões e, em 2021, de R$ 120 milhões.
No total, conta com 380 colaboradores e 129 clientes. Entre eles, estão nomes como Ambev, Itaú, Localiza, XP, Atacadão, Banco Original, Lojas Americanas, Banco Carrefour, Hospital Albert Einstein, Banco Inter, Havan e Gerdau.