ATESTADO

Ex-CEO das Americanas não vai na CPI

Miguel Gutierrez está na Espanha e apresentou atestado médico para não vir.

03 de agosto de 2023 - 06:09
Ex-CEO da Americanas escapou da CPI. Foto Lula Marques/ Agência Brasil.

Ex-CEO da Americanas escapou da CPI. Foto Lula Marques/ Agência Brasil.

Miguel Gutierrez, ex-CEO da Americanas, apresentou um atestado médico para não comparecer na CPI sobre possíveis fraudes na gigante de varejo nesta terça-feira, 1. 

De acordo com o documento, o ex-CEO foi acometido por uma complicação renal logo após chegar à França, para onde viajou em 29 de junho e planejava retornar em 8 de julho. 

Por causa da complicação, decidiu fazer um tratamento emergencial na Espanha, “país com o qual possui laços familiares e do qual fala a língua –, onde se encontra atualmente, aguardando liberação clínica para voltar ao Brasil”.

No documento, Gutierrez, que está na Espanha, argumenta estar impossibilitado de realizar viagens de avião e pede para que a oitiva seja realizada em outra data e em sessão reservada.

Esse último ponto parece ser a chave. Gutierrez, um executivo discreto que liderou a Americanas no Brasil por mais de 20 anos, afirma que a audiência abordaria “questões técnicas e sigilosas”.

Gutierrez afirma que poderia comparecer pessoalmente depois do dia 25 de agosto, ou falar antes por videoconferência. 

Problemas renais à parte, o fato é que é interessante para Gutierrez  postergar o depoimento o máximo possível, na expectativa de que a participação receba menos atenção da imprensa, e, por tabela, de políticos interessados na visibilidade da mídia com perguntas duras na CPI.  

A atual gestão da Americanas claramente decidiu empurrar toda a culpa do buraco contábil de R$ 20 bilhões nos antigos gestores, liderados por Gutierrez. 

Em junho, a Americanas soltou uma nota com resultados de uma investigação interna, na qual a empresa definiu o ocorrido pela primeira vez como uma fraude, deixando para trás o discurso sobre “inconsistências contábeis” usado desde o começo do escândalo, em janeiro.

Horas depois, o novo CEO, Leonardo Coelho Pereira, abriu detalhes da operação do esquema na CPI.