CRIME

Golpistas se passam por médicos

Dados de hospitais estão seguros? Novo golpe mostra que não.

15 de dezembro de 2023 - 11:51
Nem no hospital o sujeito escapa de golpistas. Foto Joel Rodrigues / Agência Brasília

Nem no hospital o sujeito escapa de golpistas. Foto Joel Rodrigues / Agência Brasília

Golpistas estão se passando por médicos de hospitais para obter dinheiro de parentes de pacientes internados.

O golpe é simples: golpistas ligam para os parentes de uma pessoa internada, alegando que o exame X pode ser obtido com mais velocidade se feito de maneira particular, repassando o Pix vinculado a conta particular para receber o dinheiro.

A chave para a credibilidade do golpista é que ele tem dados pessoais sobre a pessoa internada, incluindo o quarto no qual ela está e o problema médico que ela enfrenta.

Pelo menos dois casos já chegaram na imprensa, um no Rio Grande do Sul afetando pacientes do SUS, e outro em São Paulo, em um hospital que atende por planos de saúde. 

Segundo o jornal gaúcho Zero Hora, já foram vítimas pelo menos quatro parentes de pacientes internados no Hospital Sagrada Família, que atende exclusivamente pelo SUS em São Sebastião do Caí, na região metropolitana de Porto Alegre.

Procurado pelo jornal gaúcho, o hospital afirma que não houve vazamento de dados das pessoas hospitalizadas. 

“Me ligou se passando pelo médico que estava atendendo ele e deu toda a informação, tinha meu número, nome da minha esposa, o quarto que ele estava baixado e aí pediu para fazer um exame”, disse uma das vítimas para a ZH.

Uma das pessoas que o golpista tentou contato disse que desconfiou do que estava acontecendo quando percebeu que os dados da conta para transferência do dinheiro eram pessoais. Ele pedia R$ 1,65 mil.

Em um caso relatado pela Veja, os golpistas agiram de maneira levemente diferente: um paciente recebeu uma ligação no telefone do quarto em que estava internado no Hospital Santa Rita, em São Paulo.

A pessoa pediu a confirmação de dados e avisou que entraria em contato com o familiar indicado pelo paciente. 

Depois, o golpista ligou para a esposa do paciente, falando da detecção de um mieloma, um tipo de câncer no sangue.

O golpista então pediu um depósito de R$ 6 mil para "agilizar um exame", afirmando que ele seria reembolsado pelo convênio depois. 

“Ele me deu tantos detalhes específicos que se encaixavam no nosso histórico que eu não duvidei", resume a vítima.

No hospital, a esposa foi informada ainda na recepção que tudo se tratava de um golpe, que já tinha sido relatado por outros pacientes da unidade. 

Ainda de acordo com a equipe do hospital, as ligações são feitas por meio de celulares externos, não rastreáveis, por hackers que acessam os sistemas e os dados sensíveis dos pacientes internados.

Com os relatos, o Hospital Santa Rita passou a entregar um documento alertando sobre a modalidade de golpe na entrada e colocou avisos nas gavetas dos quartos.