.jpg?w=730)
Calculadora foi lançada para que os colaboradores vejam o impacto na remuneração. Foto: Pexels.
A Google pode cortar até 25% do salário de funcionários que fiquem em trabalho remoto permanentemente, especialmente daqueles que moram longe do escritório, de acordo com uma calculadora de pagamentos da empresa à qual a Reuters teve acesso.
Segundo a publicação, a Work Location Tool foi lançada em junho para que os colaboradores vejam qualquer impacto na remuneração caso optem por se mudar ou trabalhar remotamente, uma vez que o pagamento varia de acordo com a cidade ou estado.
"Nossos pacotes de remuneração sempre foram determinados por localização e sempre pagamos no topo do mercado local com base na origem de um funcionário", disse um porta-voz da Google à agência de notícias.
Um funcionário da companhia, que pediu para não ser identificado, normalmente vai para o escritório de Seattle, nos Estados Unidos, vindo de um condado próximo e calculou na ferramenta uma redução de cerca de 10% em seu salário caso trabalhasse em casa em tempo integral.
Esse profissional estava pensando em adotar o home office, mas decidiu continuar indo para o escritório apesar do trajeto de duas horas.
"É um corte de pagamento alto e consegui uma promoção recentemente. Não fiz todo o trabalho duro para ser promovido e depois receber um corte de pagamento", afirmou o colaborador à Reuters.
Outra funcionária que mora em Stamford, a uma hora de trem da cidade de Nova Iorque, receberia 15% a menos se trabalhasse em casa, enquanto uma colega que mora na mesma cidade do escritório não veria cortes no salário.
A Google confirmou que a empresa não mudará o salário de um funcionário com base no fato de ele deixar o escritório e ficar totalmente remoto na cidade onde o escritório está localizado, mas não especificou como ficará a situação para quem mora em cidades próximas, como é o caso de Stamford e Nova Iorque.
As capturas de tela vistas pela agência de notícias mostraram diferenças de 5% e 10% nas áreas de Seattle, Boston e São Francisco. Já entrevistas com funcionários da Google indicam cortes salariais de até 25% caso deixem São Francisco.
De acordo com o Business Insider, a gigante de tecnologia aprovou quase 10 mil pedidos de funcionários para trabalhar em casa somente na semana passada. A empresa adiou a data planejada de retorno aos escritórios para 18 de outubro devido ao aumento de casos de Covid-19 nos Estados Unidos por conta da variante Delta.
Conforme aponta o The Register, a Google obteve um lucro operacional de US$ 19,36 bilhões no segundo semestre deste ano, mais de três vezes os US$ 6,383 bilhões relatados no mesmo período do ano anterior.
Esse é um experimento que ocorre em todo o Vale do Silício, que geralmente define tendências para outros grandes empregadores.
O Facebook e o Twitter também cortaram salários para funcionários remotos que se mudaram para áreas mais baratas, enquanto empresas menores, incluindo Reddit e Zillow, mudaram para modelos de pagamento independentes de localização — citando vantagens quando se trata de contratação, retenção e diversidade.
No Brasil, uma pesquisa com 122 executivos feita pela Cushman & Wakefield, empresa de gestão de escritórios corporativos e divulgada pela Exame, apontou que 73,8% das multinacionais pretendem instituir o home office como prática definitiva após a pandemia.
Companhias como Stefanini, XP Investimentos, TIM e Grupo Máxima já adotaram o modelo de trabalho permanentemente, mas ainda não está claro se os cortes de salários e benefícios serão uma tendência no país para esse “novo normal”.
O Santander já afirmou avaliar uma "abdicação voluntária" de benefícios ou de uma porcentagem do salário por parte dos funcionários. A Linx, por sua vez, cortou os vales refeição e alimentação de parte dos colaboradores que estão atuando em home office com salários acima de R$ 2090, mas só entre abril e agosto de 2020.