
Funcionários do Google, em atividades com ar descontraído. Foto: Google.
O Google vai dobrar seu time técnico no Brasil até o final de 2023, passando dos atuais 200 profissionais em Belo Horizonte para um total de 400, divididos entre a capital mineira e uma nova unidade em São Paulo, onde já fica a operação comercial.
Também devem ser contratados profissionais em regime totalmente remoto. Em nota, o Google não chega a abrir exatamente quantas vagas devem ser abertas em cada opção.
As posições presenciais adotarão o modelo híbrido, o que significa que grande parte dos contratados vai trabalhar três dias no escritório e dois dias remotamente, o que está se tornando o novo padrão, pelo menos em empresas desse porte.
As vagas técnicas abertas no momento são na maioria para engenheiros de software. O Google está fazendo um esforço adicional por contratar profissionais negros, com um processo seletivo especial.
“Hoje, o Brasil é um dos mercados mais importantes para nós, aparecendo entre os ‘top 5’ na lista dos nove produtos da empresa com mais de um bilhão de usuários. Investir em talento local nos ajuda a ter um ‘olhar brasileiro’ para esses produtos”, afirma Fabio Coelho, presidente do Google Brasil.
O número de funcionários, o modelo de contratação e as ações inclusivas de RH estão dentro do esperado para a operação brasileira de uma empresa para o Google.
No final das contas, talvez o mais chamativo seja a decisão da gigante de começar a desconcentrar sua área de engenharia no Brasil.
O Google criou o Centro de Engenharia em Belo Horizonte ainda em 2005, por meio da aquisição da Akwan, uma empresa de tecnologia de buscas criada cinco anos antes por professores da UFMG.
Na época, a Akwan tinha 20 funcionários e mantinha o site de busca www.todobr.com.br. Alguns fundadores da empresa já haviam criado antes a ferramenta de busca Miner, adquirida em 1999 pelo UOL.
O diretor-executivo da Akwan, Berthier Ribeiro-Neto, doutor em computação pela Universidade da Califórnia, é considerado uma referência no tema no Brasil.
Ele foi nomeado diretor de Engenharia do Google para a América Latina e segue na empresa até hoje.
O Google não abre grandes detalhes sobre a linha de atuação do centro de engenharia brasileiro, o que é normal.
De acordo com a empresa, de cada dez resultados mostrados na busca do Google hoje, pelo menos um foi impactado pelo trabalho do Centro de Engenharia em Belo Horizonte.
Os engenheiros brasileiros também estiveram envolvidos na criação de produtos como a Busca por Sintomas, o Family Link para ajudar pais e responsáveis no gerenciamento da vida digital de crianças e adolescentes, o painel da busca com resultados de partidas esportivas e muitas outras iniciativas.
Recentemente, o time de Belo Horizonte também teve um papel central em tornar a experiência de busca mais natural e intuitiva com a aplicação de inteligência artificial em recursos como o ‘Things to know’, ou ‘Coisas para saber’, na tradução livre, que exibe tópicos diversos relacionados com a consulta, permitindo às pessoas explorar aqueles tópicos de maior interesse usando somente cliques.
“Sempre acreditei no potencial da engenharia brasileira, na criatividade e na qualidade técnica dos profissionais que formamos. Este investimento no país é um reflexo do impacto produzido pelas soluções Google 'made in Brazil', impacto este que só aumentará com a chegada dos novos talentos”, afirma Ribeiro-Neto.