
HP não quer mais saber de nuvem pública. Foto: divulgação.
"Achamos que as pessoas iriam comprar computação em nuvem da gente. Descobrimos então que não faz sentido para a gente competir". Este comentário é de Bill Hilf, líder de negócios em cloud da HP, ao analisar o plano que a empresa traçou no ano passado de entrar no mercado de nuvem pública, brigando com nomes grandes e estabelecidos como a AWS.
Segundo destacou o executivo ao New York Times, a empresa puxou o freio em suas aspirações de ser um grande nome no mercado de cloud. Em 2014, a empresa registrou uma queda de 2% em sua receita em comparação com ano anterior.
A manobra faz parte de um abrangente plano de reestruturação da companhia, que passa por uma divisão em duas frentes - a HP Inc, para PCs e impressoras, e HP Enterprise, de soluções corporativas.
Com este novo foco, a empresa pretende se estabelecer como uma fornecedora de servidores para companhias dedicadas à cloud, como Microsoft, Amazon e Google, assim como outros serviços baseados em cloud, como Salesforce.
A mudança, embora represente uma retração, também significa o fim de uma série de indefinições na política de cloud da empresa. No ano passado, a HP apostou na nuvem empresarial Helion, em que tentou entrar na briga pública e híbrida.
O Helion é composto por uma mistura de servidores HP, o padrão de nuvem aberta OpenStack e rodando em softwares da Eucalyptus, empresa adquirida pela HP no ano passado por cerca de US$ 100 milhões.
Uma escolha ambiciosa da empresa, em busca de se estabelecer como um nome forte neste mercado, foi a escolha do OpenStack como padrão exclusivo para sua plataforma, deixando de lado nomes como VMware, Microsoft e CloudStack.
Segundo analistas, a vontade da HP em marcar presença no mercado cloud foi um erro honesto, visto que a companhia lidera o mercado de servidores para o segmento corporativo.
"Provavelmente parecia (para a HP) uma transição fácil para vender computação em uma nova forma. Na verdade, a escala das grandes nuvens públicas, cada uma delas com mais de um milhão de servidores, é difícil de aprender, e o campo é difícil para novatos", afirmou Steven Nichols, do ZDNet.
Apesar do recuo, a empresa ainda contará com produtos voltados à nuvem, como o servidor para nuvens privadas Helion Rack, o hyperscale Cloudline e os servidores Moonshot, assim como outras aplicações para cloud híbrida.
A saída da HP do mercado de cloud joga luz sobre o desempenho de outras companhias, como Oracle, que tinham seus negócios focados em hardware, e também voltaram suas estratégias para a nuvem.
Durante o Oracle Open World, em San Francisco, o ex-CEO Larry Ellison acenou para um futuro nestes moldes, exaltando a presença da Oracle na nuvem e como provedora de soluções como serviço (SaaS), o que deixaria a oferta de hardware em segundo plano.